Você vive com o medo que o câncer volte? – Parte 1

Todos os sobreviventes de câncer, em algum momento, pensam na recidiva. É normal. Faz parte da condição humana! No fundo, acreditamos que poucos sobrevivem a um diagnóstico de câncer. Mas não passa de uma crença….os casos de sucesso são muitos. E eu, como outras milhares de mulheres e como você, estamos aqui para contar a história! E os tratamentos são tão agressivos que não queremos ter que passar por eles novamente. Queremos tirar os aprendizados positivos da primeira experiência e viver a nossa vida da melhor forma que conseguirmos.

Quem passou pelo câncer, em algum momento, vive com uma pedra no sapato: “Será que o meu câncer foi realmente curado?” Mesmo quando os médicos nos dizem: “Você não tem mais resquícios da doença! Está limpinha!”, muitas vezes paira o diabinho dentro da nossa cabeça que nos questiona: “Será?! Mesmo?!”. Com o tempo, este diabinho fica mais calmo e as questões vão se espaçando, deixando a a nossa saúde comprovar que a doença realmente se foi. De qualquer forma, chegando perto da data dos exames de rotina, ou quando surge alguma dorzinha nem que seja na ponta do dedo mindinho, ele parece acordar e querer criar perturbar o que estava tão bom… “Ai, será que ele voltou?! Será que se espalhou ou se está manifestando em outro órgão?!” Afinal, fizemos tratamentos tão agressivos que deixaram o nosso sistema imunológico mais fraco (mesmo que temporariamente) e ainda fomos sujeitas a radiação!

medo cancer voltarEstas sensações e questionamentos internos podem sobrecarregar demasiado e atrapalhar as nossas vidas pois têm influencia sobre tudo! Vida pessoal, familiar, conjugal, profissional, social,…influencia em nós como pessoas! Gera uma insegurança que transpassa para tudo e todos.

Se eu penso, ocasionalmente, que a recidiva é uma opção? Vagamente, por conta das estatísticas mas não sinto isso no meu coração. Se me assusto com uma “dorzinha”? Por vezes! Mas viver no medo constante que o câncer volte eu não vivo. Fui criando defesas emocionais, táticas para viver a minha vida como eu acho que ela tem que ser: vivida no seu melhor, mindfullness, aproveitando o presente e o que ela tem a me oferecer. E algumas dessas táticas eu partilho aqui com você, de forma geral, para que o medo não domine você:

  1. Você não é a sua doença!

O câncer, sem você ter o poder de escolha, afetou você de várias formas: o seu corpo físico (deixou cicatrizes, por vezes mutila e deixa marcas para a vida, menopausa precoce, etc.); o seu mental (sofreu uma perda de controle sobre o seu corpo, de alguma forma ele traiu você, o mundo que você conhecia já não é mais o mesmo,…); impactou em todas as áreas da sua vida (amigos, família, saúde, dinheiro, romance e sexo, ambiente físico, hobbies, carreira e crescimento pessoal,…); afetou o emocional (com sobrecarga de emoções nas várias fases, de medo, angústia, tantas pessoas ao se redor para quem você tem que se mostrar forte…); etc. No entanto, você não é a sua doença. Ela apenas fez parte de um pedaço da sua vida. Deixou marcas mas ela não define quem você é. Tal como uma gripe, você teve-a mas você não é a gripe. passou. Não se deixe identificar por algo que aconteceu na sua vida. Você escolhe quem e como você é.

  1. Aceite que você não tem controle

Nós não temos controle sobre nada! Nem sobre o nosso corpo nem sobre o que acontece ao nosso redor. A única coisa que podemos controlar é a forma como reagimos aquilo que nos acontece e aparece na vida. A perspectiva que queremos dar, a forma como encaramos o que acontece conosco. Este é um dos nossos maiores poderes! Aproveite-o.

  1. Nunca deixe de aproveitar a vida

Como você gosta de aproveitar a sua? Quer uma razão maior para a aproveitar, depois de ter passado por uma doença (tratamento) tão “punk”? Planeje ir a algum lugar que sempre quis ir, fazer algo que sempre quis fazer. Viva a vida como quiser, sem medo de julgamentos e viva-a com quem você realmente gosta de estar junto, com quem lhe proporciona alegria, prazer e felicidade. A vida é muito curta para gastarmos com quem não traz coisas boas à nossa experiência e história de vida. Esta é a sua história. Você é que escolhe quem e o que quer colocar nela.

  1. Transforme esta crise numa oportunidade de crescimento pessoal, uma jornada da alma

Aproveite este momento para refletir e responder a questões que geralmente você não se coloca: “Quem sou eu?”, “Porque é que eu quero estar viva?”, “Para que é que eu quero estar viva?”, “Quais são os meus sonhos?”,…..

Uma doença grave abala a nossa estrutura, abala as nossas crenças sobre o mundo, sobre a vida. Quando descobrimos que somos mortais, questionamos o significado da vida e é aqui que podemos fazer as mudanças que ficam para sempre, aquelas que vêm de dentro e mudam a nossa estrutura para aquilo que realmente queremos.

  1. Aproveite para dar uma pausa

Quando estamos vivendo uma vida que não nos agrada, que nos dá um aperto no estômago quando o despertador toca todas as manhãs, que não está alinhada com os nossos valores, o corpo pede uma pausa. Talvez a doença tenha sido um alerta para algo que não estamos fazendo bem para nós. Aproveite e tire um tempo para relaxar e ouvir o seu corpo, a sua mente e conecte-os novamente. Isto leva um tempo. Respeite-o e aproveite.

  1. Faça coisas que goste

Engaje-se em coisas agradáveis. Coisas que deem prazer a você e que não estejam conectadas com nenhuma função ou tarefa. Gosta de cozinhar mas faz porque tem que cozinhar para todo o mundo e se não cozinhar se sente fracassada porque não consegue alimentar a sua família? Então isso é uma função/tarefa. Faça algo que VOCÊ goste de fazer e que não a faça sentir que falhou se não o fizer.

  1. Cuide de você nos 3 níveis

Físico, Emocional e Mental. Veja como o fazer neste post.

  1. Escolha o que quer colocar dentro de você

Cuide da sua alimentação, é claro. Você já deve estar cansada de me ouvir falar sobre isto. No entanto, nem só de comida nos alimentamos. Os pensamentos alimentam a nossa mente que tem influencia no nosso corpo e os alimentos vão para o nosso intestino que alimenta o nosso corpo e a nossa mente. Afinal, nós temos um nervo (Vago) que une o nosso cérebro e o nosso intestino. O que pensamos e o que comemos, ambos, influenciam a nossa saúde. E aqui, só nós temos o poder de escolher o que queremos ter dentro de nós, na maior parte do tempo: alimentos de verdade ou industrializados? Pensamentos que nos dão poder e nos fazem sentir bem ou aqueles que nos deixam para baixo e depressivos? Faca a sua escolha e procure ajuda se tiver dificuldade (no inicio pode parecer desafiador demais mas você consegue ultrapassar).

  1. Agradeça

Todos os dias, à noite (ou de manhã ou nos dois horários), enumere as coisas pelas quais você é agradecida. Seja naquele dia ou na vida em geral, mas descreva. Como ter/ser isso na sua vida afetou você, como beneficiou você e o que você aprendeu.

  1. Tenha fé

O medo da recidiva vem do fato de termos medo de morrer. Afinal somos meros mortais e é da morte que temos medo. Ter fé e alimentar o nosso lado espiritual fortalece o nosso emocional e este medo da morte se torna mais suave e menos presente. Quais são as suas crenças religiosas? O que elas dizem sobre a vida? E sobre a morte? O que o seu coração diz sobre a sua vida? E sobre a sua morte?

Hoje, eu vivo a minha vida com um propósito e com confiança, mesmo tendo tido um câncer extremamente agressivo (triplo negativo) e estou confortável com as minhas crenças espirituais.

Viver sem medo pode ser difícil. Por isso é bom termos um pouquinho de medo. Ele nos move. Nos faz pensar e também nos faz fugir dos perigos. No entanto, não podemos deixar que ele vire pavor ou pânico, que nos faz congelar e fechar numa “conchinha” onde não conseguimos viver a nossa vida.vida sem cancer

Espero que estas dicas façam sentido e caibam na sua vida para que possa desafiar os seus medos. Elas vêm da minha experiência desde 2013, dos meus estudos de comportamento humano e da experiência que tenho adquirido com as minhas clientes de Medical Coaching, que viviam com este medo e que ajudo a encontrarem um propósito e mais resiliência mental e emocional durante e/ou depois do câncer, entre outras coisas.

Beijinhos,

Vânia

Nota: Para mais dicas para lidar com este medo, veja este video que eu fiz para você: Video com 6 dias para medo da Recidiva (com efeito imediato)

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8 Comentários to “Você vive com o medo que o câncer volte? – Parte 1”

  1. Lana Regina Peixoto Brasil
    10 de dezembro de 2016 às 16:56

    Vânia achei coincidência demais todo final de ano fico angustiada e com muito medo, porque foi em Dezembro de 2013 que descobri o câncer e foi exatamente o Triplo Negativo, hoje lendo seu poste desvobrique realmente preciso melhorar e aumentar minha fe, sinto muito medo da recidiva, mas meu coração me diz pra ficar tranquila, vou te seguir pra poder estar sempre em paz e não ter medo, obrigada bjos

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