Denise Torquato – Histórias que Inspiram #60

Denise“Em setembro/2014, descobri um nódulo em minha mama esquerda. Então fui ao posto de saúde para avaliação. As perguntas são as de praxe: “Qual a sua idade?” – 31. “Algum caso na família de câncer de mama ou útero?” – Não… E clinicamente disse que eu poderia ficar tranquila, que era muito comum esse tipo de nódulo; que era só observar; que não precisava de nenhum exame complementar. Assim fiz.

Em Novembro casei e, em seguida, voltei no mesmo posto de saúde porque o nódulo não havia desaparecido. Recebi a mesma orientação: “É só observar.” Então, procurei uma ginecologista particular, a Dra. Denise (xará). Super atenciosa e excelente profissional. Pediu para fazer uma ultrassonografia para “esclarecer” o nódulo (BI-RADS 4 A).

Com o resultado em mãos, ela me encaminhou para um mastologista. Foi o laudo que ela me deu que abriu as portas para as demais consultas.

Quando cheguei ao mastologista, em maio/2015, também fui muito bem atendida (SUS). Já saí da sala do Dr. com os “papéis” da cirurgia em mãos e o pedido de alguns exames. Tudo foi muito rápido a partir daí. Fiz a primeira biópsia (punção com agulha grossa) que constatou que o nódulo era benigno. Aliviada, retornei ao mastologista com o Laudo. Mas ele olhou, analisou e disse calmamente: “Esse laudo pode estar errado! Não é o que vejo clinicamente. Só teremos certeza após a biópsia do nódulo. Vamos torcer para esse laudo seja confirmado.”

Não foi fácil receber essa notícia. Meu marido que esteve ao meu lado desde o início, me tranquilizou e me ajudou a “digerir” a situação. Deus colocou muita paz e tranquilidade no meu coração, principalmente através da bíblia, família e dos amigos próximos. Quase ninguém sabia. E enquanto eu esperava pela cirurgia, trabalhei, caminhei, ri muito, festejei… Vivi. Nada de depressão. “A alegria no Senhor é a nossa Força”.Denise com marido

A cirurgia para a extração do nódulo foi marcada para dia 01/07/2015, dia seguinte ao meu aniversário. Fui muito bem atendida pelo SUS no hospital Odilon Behrens. A cirurgia foi um sucesso e a recuperação bem rápida. Mal consegui fazer o repouso direito, tamanha a ansiedade para o laudo da Biopsia.

Dia 07/07/15, meu marido chegou com o resultado. Quando eu li, caí no choro. Já sabia o que me esperava (o google já tinha me dado muitas informações, rs). No dia seguinte, fui ao médico que confirmou o resultado. Câncer de mama (cacirnoma ductal invasivo da mama, grau III), e me encaminhou para o Oncologista para continuidade no tratamento. Escolhi me tratar no Hospital São Francisco de Assis/BH.

Saí forte do consultório. De repente, desabei. Ainda bem que meu ombro amigo estava ali, sempre presente. Meu marido me abraçou, me deixou chorar e disse que ia passar isso comigo. Que ia dar tudo certo.

Também, quando achei que não ia conseguir, o Senhor levantou algumas pessoas que me trouxeram palavras de força, ânimo, esperança e que oraram comigo. E mais uma vez a depressão não teve lugar. A tristeza passou rápido, pois a confiança em Deus e a certeza que Ele é quem tem o controle das nossas vidas foi mais forte que qualquer tristeza.

Só tenho elogios para o atendimento no hospital (O SUS funciona SIM!!!!). Para “complementar”, na primeira cirurgia, tive que fazer o esvaziamento axilar. A biópsia acusou que, dos 22 linfonodos retirados, 11 estavam com metástase.

Em Agosto comecei a quimioterapia Preciso fazer 4 sessões da “vermelha”(1 a cada 21 dias) e depois, semanalmente, 12 sessões da “branca”. Denise lençoDepois vem algumas sessões de radioterapia e por fim, 5 anos de hormonioterapia.

Na hora da quimio é bem tranquilo: as enfermeiras são super atenciosas, os pacientes sorridentes… Sem dor, sem nada. Saio de lá ótima, feliz da vida.

Porém, algumas horas depois, a coisa “fica feia”. É muito mal estar para uma pessoa só!!!! Cheiro, comida, líquido… TUDO enjoa, até ler whatsapp!!!! 3 dias depois, começa a passar. Já estou até acostumando com esta rotina, rs.

O lado bom de passar mal, é que a gente valoriza mais cada minuto que estamos bem. A doença nos ensina que a saúde é um precioso presente de Deus, e que a vida deve ser aproveitada minuto a minuto.

“Dêem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.” (1 Tessalonicenses 5:18)

Esta semana muitos amigos me perguntaram como estou. Graças à Deus a resposta foi sempre a mesma: estou ótima!!!

Então, porque não estou no escritório? Simples… Cada dia é um dia. Estou cumprindo com os compromissos assumidos anteriormente, e evitando novos por agora. Prefiro deixar a responsabilidade para os meus sócios. É tempo de descansar e concentrar no tratamento, evitando qualquer tipo de situação estressante, ambiente fechado, contato com muitas pessoas etc (orientação médica).

Fácil? Claro que não! Quem me conhece, sabe o quanto gosto de exercer minha profissão, e de sair de casa para trabalhar.

Nesses dias, quando dá vontade de retomar a rotina, lembro que o bambu curva-se no vendaval para não quebrar. Para quem não conhece essa história, segue trecho do livro “A sabedoria da Natureza”, de Roberto Otsu:

“Talvez essa seja uma das características mais conhecidas do bambu. Os antigos chineses aprenderam a importância da flexibilidade ao observar como essa planta se comporta numa ventania. Perceberam que uma árvore rígida quebra-se com um vento muito forte. O bambu não. Ele se curva e depois que o vendaval passa, volta intacto à posição original.

A flexibilidade é a capacidade de se adaptar às circunstâncias da vida, significa não ter posturas rígidas em termos físicos ou psíquicos. Uma pessoa de moral rígida demais também pode se “quebrar” como um carvalho ao vento.

Segundo os sábios orientais, a rigidez é sinal de morte. Uma pessoa rígida não vive, está morta, é como o tronco de uma árvore seca. Flexibilidade é sinal de vida. Uma planta viva é flexível, uma planta morta é rígida. Um bebê é flexível e cheio de vida, o idoso é mais duro e sem a mesma vivacidade da criança.

Flexibilidade também envolve o conceito de não-resistência. No sentido mais profundo, flexibilidade significa capacidade de não resistir às coisas naturais que nos acontecem. Por exemplo, o bambu não resiste à força do vento. É a não-resistência que evita danos.

No taoísmo, existe a expressão Wu-wei que se refere à não-resistência. Wu-wei significa deixar-se levar pelo movimento natural. Tentar evitar alguma coisa natural é se opor aos impulsos da vida.”

Então, nada melhor que aceitar algumas situações com flexibilidade para “não quebrar”. Aproveito esse tempo para passear na casa da minha avó, na casa dos meus pais, rever amigos, conversar, caminhar, meditar na palavra de Deus, relaxar… Ser feliz!”

Denise Gomes da Silva Torquato
32 anos, casada
Câncer de Mama
Belo Horizonte – Brasil
 
Obrigada Denise! Somos todas “bailarinas” (de tão flexíveis) nesta vida…dobramos, dobramos mas não quebramos. Um beijo no seu coração puro querida Denise.

Participe também! Qual é sua história? O que faz vibrar seu coração? O que te dá força? Conte para mim, conte para nós….AQUI:)

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12 Comentários to “Denise Torquato – Histórias que Inspiram #60”

  1. Rosana Bicudo
    15 de setembro de 2017 às 11:56

    Olá, após a biopsia, constatado o cancer, em quantos dias é marcada a cirurgia? a cirurgia é feita rapidamente?

    • 18 de setembro de 2017 às 10:13

      Olá Rosana,
      isso vai depender da liberação do seu convenio médico. Já conversou com o seu médico? Beijinhos e muita saúde

  2. Marilza Machado
    20 de outubro de 2015 às 20:08

    Denise, li sua história e fiquei emocionada pois amanhã faz um ano que terminei a quimioterapia ( mesmo protocolo que você). Achei que não estaria aqui para contar essa história. Mas por honra e glória do Senhor, eu estou aqui, junto com meus filhos e marido. Acredite, tudo isso vai passar e te fazer mais forte. Tenha calma e paciência…

  3. natalia
    18 de outubro de 2015 às 15:08

    MEUS QUERIDOS,
    Quem me conhece sabe da minha experiência jurídica na área de saúde, e nos últimos tempos, tenho visto inúmeras reportagens sobre a cura do câncer através da substância FOSFOETANOLAMINA.
    Meus avós, tios, e outros parentes próximos sofreram e alguns até morreram por esta doença então meu interesse é legítimo.
    Sim, o tratamento é experimental, e por isso, ainda não tem aprovação da Anvisa ou chancela da ANS. Mas os relatos de resultados são tão surpreendentes que tem feito muitos pacientes procurar o medicamento.
    Nos últimos meses, o assunto tem sido pauta de discussões acirradas no Poder Judiciário e, graças a Deus, a decisão mais recente autoriza o uso das cápsulas, caso tenha indicação médica.
    Claro que existem interesses obscuros nessa comercialização e não se pode deixar de cogitar do prejuízo que a indústria farmacêutica terá com o eventual reconhecimento de cura da doença da substância.
    Imaginem. Despesas mensais por pacientes que alcançam mais de R$ 100.000,00 ao mês. POR PACIENTE!!! Tudo indo por água a baixo, pois o valor de mercado da fosfoetanolamina é de R$ 0,10 por capsula.
    O fato é que os pacientes que estão sofrendo não podem deixar de tentar esta alternativa. Claro, isto se o médico que lhe dá assistência não apresentar nenhuma resistência.
    Por isso, e não só por ser advogada militante nesta área, convoco a todos para lutar pela liberação das cápsulas, judicial ou extrajudicialmente.
    Segue o link para assinar a petição!
    Sem preguiça pessoal!!!!

    http://www.peticaopublica.com.br/psign.aspx?pi=BR85788

    **** Para quem precisa de orientação jurídica, meu perfil no facebook é https://www.facebook.com/natpoletto

  4. 10 de outubro de 2015 às 15:55

    Denise, vc já é uma vitoriosa.
    Eu tb passei por tudo isso, descobri um cancer de mama em novembro do ano passado e terminei meu tratamento ha 1 semana. Fiz a radioterapia.
    Mas diferente de vc que tem seu marido para te dar todo o suporte. Meu noivo me abandonou apos 4 anos de relacionamento, assim que fiz a cirurgia e antes de passar pela quimioterapia branca. Pois é, como se não bastasse a barra de se passar por este tipo de tratamento, ainda ter que passar por tudo isso sozinha. Mas gracas a Deus, meu foco não foi no que ele fez comigo, mas sim no meu tratamento e bem estar. Gracas a Deus estou muito bem. Escrevi um blog contando toda a minha historia – se chama Vida for life. Resiliência e fé é tudo na vida. Coragem que tudo já deu certo para vc tb, Beijo e fique com Deus

    • Denise Torquato
      19 de outubro de 2015 às 11:38

      Você é uma guerreira incrível Clea!Passar pelo tratamento junto com uma “crise” amorosa não deve ter sido fácil. Que bom que você superou com resiliência! Não consegui encontrar o seu blog… Tem como mandar o link? Bjs

      • 19 de outubro de 2015 às 21:55

        Segue o link do meu blog Denise: vidaforlife.wordpress.com
        Com ctz não foi fácil, mas apesar de tudo, não perdi meu foco, que era manter a força, coragem e fé no tratamento sem crise. E graças a Deus, tudo tem dado muito certo.
        Quando tiver a oportunidade, faça uma visita no meu blog e deixe seus comentários.
        Bjs e fique com Deus.

  5. aoa
    9 de outubro de 2015 às 12:26

    Vai dar tudo certo Denise! Sua garra e fé são fundamentais! Algumas vezes é normal desanimarmos um pouco…mas logo passa e podemos sentir o cuidado de Deus!
    Olha agora quanto ao SUS , ele poderia e deveria ser muito melhor em rapidez e eficiência. Entre a descoberta do nódulo e a cirurgia+ quimioterapia se passou praticamente um ano!!! Não podemos achar que assim tá bom!

    • LAURA GONTIJO
      19 de outubro de 2015 às 06:55

      Orgulho e admiração por ter uma amiga como vc.
      Beijos

      • Denise Torquato
        19 de outubro de 2015 às 11:49

        Obrigada Laura! Os amigos nos ajudam a superar os obstáculos com maior facilidade.

    • Denise Torquato
      19 de outubro de 2015 às 11:48

      Realmente AOA há muito o que fazer… Quando falei que foi rápido, foi a partir da consulta com o mastologista em maio/2015 até agora, pois se eu tivesse ouvido só a opinião da médica do posto de saúde, estava observando o nódulo até agora. Estou conscientizando as mulheres a partir de 30 anos a fazerem ultrassom das mamas, já que a mamografia é liberada a partir dos 40 anos. Nunca pensei que pudesse ter um câncer de mama com 32 anos, pois a mídia enfatiza somente a partir dos 40 anos, ou se tem caso na família, a partir dos 35. Bjs.

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