Fernanda Defourny – Histórias que Inspiram #57

A História desta semana é uma inspiração e uma verdadeira força da Natureza. Preparem-se que será uma montanha russa de emoções :)  e uma fonte de fé, perseverança e amor.

Fe carequinha“Meu nome é Fernanda Defourny Martins, tenho 34 anos e sou de São Paulo.

Em dezembro de 2014 descobri que estava grávida do meu quinto filho, segundo com meu atual marido. Apesar do susto foi uma felicidade para ambas as famílias e para nós.

Em janeiro desse ano ao retirar o sutiã senti uma dor forte na lateral do seio esquerdo, e ao apalpar senti um caroço. Na hora pensei que era nódulo de gordura, pois como meus seios haviam crescido bastante, o sutiã estava pequeno e o ferro machucou. Fui ao PA da maternidade e sai com um pedido de ultrasom, mas a médica me disse que achava que era um cisto. Fiz o ultra e de cara o médico disse que era mesmo um cisto, veio o alívio para depois de um minuto vir o medo.  Atrás desse cisto havia um nódulo.

Levei pra obstetra que disse que não podia fazer nada que era caso de mastologista. Claro que pela delicadeza troquei de obstetra. Marquei um masto que sequer me examinou e pediu uma punção.  Decidi marcar com outro profissional pra levar o resultado. A doutora Alessandra me atendeu super bem. Primeiro fez um monte de perguntas, viu o ultra e disse que parecia ser da gestação. Aí veio o exame clínico. O semblante dela mudou. Ela me examinou bastante e achou  gânglio na axila. Perguntei o que era e quando ela disse que era defesa do organismo uma luz se acendeu. Então ela sentou e conversou comigo, dizendo que haviam subestimado meu ultrasom e que o que ela sentiu não condizia com o que o ultra mostrava, que havia ficado bem preocupada. Perguntei se era câncer e ela disse que ia pedir uns exames para ter a certeza. Acho que ela não esperava minha reação, na hora eu disse: “ok se for a gente trata, não prejudicando minha filha (já sabia que ia ser a Mariana que chegaria) pode fazer o que for preciso comigo.”

Em seguida fiz mais um ultrasom, a mamografia e a biópsia com resultado em 15 dias. Ia sair dia 29/04, aniversário do meu filho mais velho. Decidi tentar pegar dia 27, e estava pronto. Peguei com as mãos trêmulas, abri no carro mesmo e quando li na primeira folha “nódulo irregular” já falei para o meu marido “nódulo irregular é câncer”. Depois na segunda folha estava lá: “carcinoma ductal invasivo grau III”. Depois a médica me explicou que se tratava do triplo negativo, o mais agressivo que existe. Não chorei pois minha filha mais nova estava no carro, daí veio o silêncio. Cheguei em casa e fui para o banho, onde chorei por uns cinco minutos. Saí do banho, peguei o telefone e comecei a avisar  família, que eu já havia deixado preparada pois a suspeita era grande. Claro, foi um choque.  Tão nova, amamentei 4 crianças, não tinha histórico na família e GRÁVIDA, com câncer de mama!

Decidi compartilhar com meus amigos do face. Não queria esconder pois não era vergonha muito menos sentença de morte ser diagnosticada com câncer e recebi muito apoio. Fiz uma página para que todos pudessem me acompanhar chamada: Eu, a Gravidez e o Câncer de Mama, onde achei que apenas os amigos e a família curtiriam e acompanhariam, mas me surpreendi quando descobri que apenas 20% das curtidas eram de conhecidos.Fe gravida depois da mastectomia

Focou decidido que primeiro faria a mastectomia radical. O tumor que apelidei de Fiduma (fiduma mãe, fiduma égua, e fiduma disso que você pensou rsrs), cresceu demais, estava com 2cm em janeiro e em abril com 6. Agendamos a cirurgia pro dia 18/05/2015 quando eu completaria 30 semanas de gestação. Havia chances da Mariana nascer prematura, então tomei as injeções de corticoide para maturação do pulmão e pedi que todos orassem por mim.

Um dia antes da cirurgia fui para o que acreditava ser um churrasco de aniversário, e quando cheguei lá era na verdade um chá de bebê surpresa que minha cunhada e madrinha da Mari junto com amigas organizaram para mim. Anteciparam do dia 30 pro dia 17 pra que eu me sentisse amada, amparada e renovasse as forças para entrar em cirurgia, e funcionou!

Fiz a mastectomia, e a corrente de orações que se criou fez com que fosse tudo super bem e Mariana continuasse aqui dentro. O fiduma já estava com 10 cm.

No dia 15/06 fiz meu primeiro ciclo de quimio, com 34 semanas, também com chance de parto prematuro que não aconteceu.

Dia 07/07/2015 nasceu a minha fadinha! Mariana chegou pesando 2.760gr e medindo 46cm, com 36/37 semanas de gestação, de parto cesárea depois de não conseguir induzir o normal. Minha primeira cesárea!Mariana

Na próxima quarta dia 26/08 vou pro meu quarto ciclo de quimio de um total de seis.

Não encaro o câncer como uma coisa ruim, mas como aprendizado. MUITAS coisas tenho aprendido, muitas pessoas tenho conhecido, muitas bênçãos recebido. Engravidei no momento que precisava engravidar, pois se não tivesse engravidado não teria sentido o tumor e talvez não tivesse descoberto a tempo de tratar. Minha Mariana veio para me salvar!

Acho que tudo na vida tem um motivo. Não vivo o câncer, não me sinto com câncer, e não quero o câncer. Tenho convicção que me curei no dia que o fiduma foi retirado de mim, junto com a minha mama, e agora só faço um tratamento pra que não volte. Se  chorei? SIM. Se tive medo? AINDA TENHO. Mas morrer todo mundo vai um dia, porquê me preocupar em quando vai acontecer? Tenho é que me tratar e aproveitar ao máximo essa chance que DEUS me deu em poder continuar viva!familia

Beijo grande!”

Fernanda Defourny Martins
34 anos, casada
Câncer de Mama
São Paulo, SP– Brasil

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8 Comentários to “Fernanda Defourny – Histórias que Inspiram #57”

  1. marcia
    18 de janeiro de 2016 às 09:08

    é com muita tristeza que venho informar que a Fernanda infelizmente faleceu nesta madrugada… mulher guerreira e inspiradora…. descanse em paz Fe

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