Glauce Mitunari – Histórias que Inspiram #37

Glauce 1A Glauce é a excepção que confirma a regra. Já não existem mais as doenças de idosos e praticar atividade física já não é o suficiente. Atleta, mãe de 2 filhos e aos 39 anos teve uma trombose que quase lhe tirou a vida ou, no mínimo, quase a deixou apenas com a perna esquerda semi-funcional. Como se diz a uma atleta de plantão que não poderá mais correr, pedalar, etc?!

Vamos conhecer este exemplo de luta e de perseverança. E já agora vamos aprender as dicas para nós, viajantes de alma, não nos virmos numa situação como a dela.

“Dia 25 de outubro de 2013 parecia ser um dia normal. No entanto, poucas horas depois de começar eu me encontrava num leito de UTI…

Uns dias antes tinha regressado de uma viagem de férias com minha família, de Nova Iorque. Dormi a viagem inteira, no avião (afinal em NY é um tal de bater perna sem fim). Quando acordei, senti minhas pernas muito inchadas, formigando. Levantei-me, fui ao banheiro e fiquei em pé no fundo do avião por alguns minutos. Me espantei com o inchaço dos meus pés. Alonguei um pouco, mas não tinha muito mais o que fazer, então voltei ao meu assento. O inchaço era tanto que desci do avião descalça, foi impossível calçar de volta minhas botinas.

Minhas pernas sempre incham em avião, principalmente em viagens mais longas, por isso não dei tanta importância mas anotei mentalmente que nas próximas viagens, me movimentaria mais, e não ficaria mais tanto tempo seguido sentada.

Bem, de volta ao lar e à rotina as pernas foram desinchando naturalmente. No entanto, as pernas estavam pesadas e minhas costas doíam. Pensei que fosse apenas cansaço da viagem. Dois dias depois fui numa consulta de rotina e comentei com a médica (amiga e colega de corrida) que dessa vez o inchaço nas pernas no voo me incomodaram muito. A Dra. Juliana Paola me pediu US de membros inferiores e falou que eu poderia estar com algum problema circulatório. Combinamos uma corrida para sábado seguinte e me despedi. Três dias depois, antes mesmo de realizar os exames, ao chegar na academia minha perna esquerda começou a formigar absurdamente. Comecei a me sentir muito mal. As costas também incomodavam. Comentei com um professor e ele pediu que eu me alongasse. Ao suspender minha perna esquerda pra alongar, notei ela muito escura, arroxeada. Achei estranho, onde eu tocava ficava embranquecido. Decidi ir embora e ao sair da sala de musculação o mal estar aumentou. Encontrei outro professor e pedi que ele verificasse se havia algum médico na academia porque eu não estava me sentindo bem. Ele pediu que eu me sentasse, para aferir minha pressão e foi aí, só aí, que eu realmente olhei para minha coxa. Entrei em pânico! A minha perna esquerda estava gigantesca. Ela inchava a olhos nus. Falei que iria embora. Eu TENTEI ir embora, consegui dar uns três passos e desabei numa cadeira, assustadíssima. Duas médicas queridas apareceram e tentaram me acalmar, mas eu só pensava em sair dali. Não entendia por que eu ainda estava ali.

Me disseram que tinham chamado uma ambulância, mas eu não queria esperar. O hospital era muito perto. Então diante do meu desespero, minha amiga Evelin apareceu me oferecendo água e eu pedi que ela me levasse para o hospital e ela me levou. O prof. Roberto foi junto.

Deus foi abrindo as portas! Eu não esperei nem dois minutos pra ser atendida, os funcionários do hospital Glauce spinningolhavam pra minha perna e corriam a buscar ajuda. Me internaram imediatamente. Fui submetida a uma angio-tomografia com uso de contraste onde foi diagnosticada uma TVP alta (Trombose Venosa Profunda) da veia ilíaca externa esquerda.

Espera um pouco, Trombose? Aquela doença de idoso, obeso, fumante, hipertenso, sedentário? Fiquei em choque! Muito surreal. Sempre fui muito saudável, com rotina de atleta.  Não fumo, não bebo, me exercito todos os dias, alimentação é equilibrada.

Aquele diagnóstico não combinava comigo de jeito nenhum.
E não era só a trombose. Identificaram durante o exame uma síndrome rara, a síndrome de Cockett-May-Thurner, que eu nunca tinha ouvido falar, e que agora sei que é um defeito anatômico onde a veia é comprimida pela artéria, e que quando ocorre é corrigido por stents. Colocaram-me na UTI devido ao risco de embolia pulmonar, mas graças a Deus nenhum coágulo secundário foi encontrado.

Meu tratamento seguiria um protocolo conservador, com o uso de anticoagulantes e o resto o próprio organismo faria. O médico vascular de plantão também era contra a colocação do stent para corrigir a veia e me disse que daqui uns 10 anos quando as sequelas da trombose ficassem mais evidentes eu poderia pensar nisso. (Oi?) Perguntei sobre as probabilidades de sequelas e me informaram que eram de 45% para insuficiência venosa crônica e que uma perna dificilmente ficaria igual a outra novamente. Pânico de novo! Não queria ficar “sequelada”, queria recuperação total.

E aí, médicos amigos (ah os amigos!) surgiram com a hipótese de um procedimento mais invasivo mas que, em principio, se tudo corresse bem (havia um risco de hemorragia intracraniana mas muito pequeno) eu voltaria a todas as minhas atividades sem sequelas (ou no máximo 15%), a Fibrinólise*. Todos os médicos concordavam que o coágulo tinha mesmo se formado no avião e, como eu estava dentro do prazo, mais ou menos no 8º dia da trombose, resolvi arriscar! O Dr. Ricardo Yoshida, foi excepcional. Refez os exames de US ele mesmo e disse que a fibrinólise não era apenas uma boa opção pra mim, disse-me que era a melhor opção, e que ele mesmo faria, “hoje mesmo, agora”.

Fui transferida para o centro de hemodinâmica do hospital e começou o procedimento. O tratamento seguiu por seis meses com o uso de anticoagulante via oral, muitas sessões de fisioterapia e uso de meias de alta compressão o tempo todo (meu verão foi bem quente e apertado), mas terminado o tratamento recebi alta sem nenhuma sequela.

Um comprimido diário de AAS pro resto da vida, exames a cada seis meses pra verificar se está tudo ok com os stents e fui proibida de tomar pílulas anticoncepcionais. No mais, vida normal.

Uso meias de alta compressão ao viajar – jamais entrarei de novo num avião sem usar as meias – e sou a passageira chata que se levanta a cada hora pra se movimentar dentro do possível.

Com as colegas de corrida e usando a meia de alta compressão

Com as colegas de corrida e usando a meia de alta compressão

Este tipo de coisa acontece na vida da gente pra mostrar o quão frágil somos. Na minha prepotência, ao orar, era sempre no sentido de me fortalecer, de estar forte pra ajudar aos meus, aos outros e nunca imaginando que seria eu a precisar de ajuda.

Dizem que se você quiser saber quantos amigos tem é só dar uma festa e se quiser saber a qualidade dos amigos que tem, é só ficar doente.
Pois bem, posso afirmar que tenho amigos muito valiosos! e prestativos e extremamente carinhosos. Foram tantas orações, ligações, mensagens, visitas. Isso tudo, mais o cuidado da minha família, especialmente mãe e marido, foram essenciais para minha recuperação.”

Comemorando o aniversário de 40 anos...comemorando a vida!

Comemorando o aniversário de 40 anos, com o marido e os 2 filhos…comemorando a vida!

Glauce Mitunari
Casada
Trombose Venosa Profunda e síndrome de Cockett-May-Thurner, os 39 anos
São Jose dos Campos, SP – Brasil

Obrigada pela força e pelo exemplo! Que venham muitas corridas e muitos desafios e sempre, sempre com saúde!

As nossas histórias dão um sentido à nossa vida e ajudam a vida dos outros. Qual é sua história? O que faz vibrar seu coração? O que te dá força? Conte para mim, conte para nós….AQUI. :) Também quero histórias de homens! Se quiser conhecer as outras histórias, já publicadas, basta clicar AQUI, nas Histórias que Inspiram.

Beijo no coração ;)

*Vale ressaltar: a fibrinólise é mais indicada em casos de trombose alta (meu caso), e os riscos de hemorragia são maiores em casos de diabetes, hipertensão, tabagismo, abortos espontâneos (graças a Deus não me encaixo em nenhuma dessas categorias).

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20 Comentários to “Glauce Mitunari – Histórias que Inspiram #37

  1. Delma
    9 de agosto de 2018 às 07:58

    Bom dia
    Minha filha com 34 anos… dia 21/07/2918 (vinha sentido dores nas costas agora que recordo isso) e na semana começou com dores na barriga tipo pontadas dor na perna esquerda e nesse dia
    Dia à tardinha a perna ficou inchada e arroxeada, foi para hospital que não fazia Doppler aquele dia, por ser cidade do interior e final de semana, fomos para outro hospital na cidade Vitória no ES, onde ficou internada com suspeita de trombose até o domingo já tomando anticoagulante até fazer o Doppler onde não acharam nada, voltamos pra casa, na segunda foi ao Angiologista onde pediu outro Doppler e encontrou um coágulo na virilha, meu mundo caiu …agora está de repouso absoluto tomando Xarelto e aguardar 30 dias … ela está desesperada com a possibilidade de não poderíamos ter a vida normal… trabalha sentada o dia inteiro… é bancária… me ajuda
    Bj

  2. Márcia Helena de Melo Pereira
    29 de julho de 2018 às 21:03

    Glauce,
    pelo final de seu relato, você acabou colocando o stent para correção da síndrome de May-Thurner, certo, mesmo o vascular do atendimento inicial sendo contra? De fato, não há um consenso entre os médicos a esse respeito, mas concordo plenamente que ficar suscetível a ter uma trombose no futuro por causa da compressão e viver com esse medo não é nada agradável. Também fui diagnosticada com May-Thurner e coloquei stent. Pelo que percebi, também, você é atleta. Continua sendo atleta depois do stent? Como tem sido a vida? Se puder dizer alguma coisa a respeito depois de alguns anos, seria muito útil para nós, que também passamos por isso. Super grata.

  3. glauce mitunari
    19 de maio de 2017 às 18:25

    por favor a moça do maranhao que mandou mensagem
    por favor, peço que me escreva novamente. pois meu celular deu uma pane e perdi todas as mensagens!

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