Entre a primeira consulta com o oncologista e o dia da primeira quimioterapia foram 19 longos dias. Uma maratona de procedimentos, exames, novas consultas e uma reviravolta emocional. Foi tudo feito com ânimo, garra, divertimento, apoio do maridão e sempre tirando algo engraçado de cada momento. Dei à luz os “Óvulos Atletas” através da fertilização in vitro, já contada em outro post e fiz várias outras coisas em paralelo. Sempre ouvi dizer que devemos ouvir uma segunda opinião. Sendo assim, fui a uma outra instituição oncológica e marquei uma consulta com um dos médicos disponíveis. Fui muito bem atendida mas a médica não foi muito segura naquilo que estava falando, portanto voltei ao meu, hoje, querido e adorado médico, o Dr. Fernando Moura, no Hospital Vivalle. Não voltei a hesitar nunca mais. Comecei então a maratona pré-quimioterapia, paralelamente à fertilização (também ela parte desta maratona).

PET Scan – Uma espécie de tomografia que informa acerca do estado funcional dos órgãos.  É um procedimento realizado pela medicina nuclear.  Muito resumidamente, este exame, analisa as áreas do corpo que consomem mais glicose (sim, açúcar!!! Iremos desenvolver sobre este vilão viciante em outro post). Se uma área em particular se sobressair por consumir demasiado açúcar, é muito provável que esta área tenha um câncer em desenvolvimento. Como o meu convênio não pagou o exame (alegam que a Agência Nacional de Saúde somente indica a PET Scan em casos de câncer de pulmão e de Linfoma), paguei particular e entrei na justiça. Como os preços não variam muito, fui fazer no luxuoso Sírio Libanês. Parecia um shopping luxuoso e, mais uma vez, me senti num seriado de TV. Um “House” ou um “Grey’s Anatomy”. Deram-me relaxante muscular…fiquei totalmente dopada. Durante 2h fiquei com uma agulha na veia e não me podia mexer, nem ler, nem mastigar. Nada que estimulasse o meu cérebro. E depois, foram 30 minutos dentro da máquina, onde me injetaram glicose para contraste. Os meus ovários e o útero estavam inchados mas por conta da FIV que tinha realizado no dia anterior. De resto, estava tudo bem. Ufa!

Experimentar perucas – Ok, ia ficar careca não é? Então queria ter uma peruca um pouco diferente do meu cabelo. Não sabia bem o que queria até começar a experimentar. Fui em 2 lugares mas a primeira peruca que experimentei foi a que acabei comprando! E não resisti e passei o cartão para duas…aiai! Foi assim que escolhi a Vicky e a Mia! Vejam os pequenos vídeos abaixo:

Acompanhamento Nutricional – O Dr. Fernando encaminhou-me, especificamente, à nutricionista Andrea Pinchelli, da sua equipe, onde tive uma verdadeira lição sobre nutrição e sai de lá pensando no quão vulnerável e dependente eu iria ficar. Saí também, com a triste noticia, que a quimioterapia mata todas as células em crescimento mas não mata as da celulite! Damn!! A Andrea foi uma querida e profissional em todos os momentos. Foi e continua sendo pois para a radioterapia também tem indicações especificas. As regras, proibições, indicações e lista de suplementos foi grande! Assustadora mas, ao mesmo tempo, sentimos que eu estava a ser bem acompanhada. Eu e o maridão só arregalávamos os olhos e seguimos tudo certinho. (esta consulta merece um post inteiro – outro!)

Dentista – Antes de começar a quimioterapia é necessário verificar se existe algum processo inflamatório no nosso organismo. Para além de micoses nas mãos ou pés (que não tinha, Ufa!), tive que ir ao dentista. Tinha 2 cáries (humpf…que chatice). Lá tratei as 2 malditas com anestesia (mais agulhas…neste ponto, já não aguentava que me espetassem agulhas…estava quase a ficar como o maridão) com o Dr. Luis Gustavo, super delicado e competente. E saí de lá com uma receita de um elixir bucal para manipular e usar durante a quimioterapia (falarei dos efeitos da QT na boca e restantes mucosas, em outro post). Terminei esta maratona 4 dias antes da quimioterapia. Ainda com uma barriga de grávida (mas sem babies), em repouso absoluto para que a minha barriga desinchasse, as dores parassem e, pudesse assim, começar o elixir da juventude, a poção mágica. Dentro de mim vivia uma pessoa ansiosa por começar, para que terminasse logo a angústia e o tratamento! E uma pessoa receosa, ao mesmo tempo…querendo adiar…esquecer o que estava acontecendo, recalcar. A quimioterapia, na minha cabeça, sempre foi a vilã das vilãs. A super poderosa mata leões. As histórias que ouvia e os cuidados que me pediam para ter eram assustadores. A Vânia super enérgica, trabalhadora, independente e cheia de vontade de viver cada segundo, iria virar um vegetal, um ser dependente e “definhante”?! Aquilo não parecia estar acontecendo comigo. Parecia que estava em cenas de rodagem de um filme e com várias sequências/sequelas. Cheguei a pensar, por breves instantes… “Não morri pela doença, não posso morrer pela cura!!!”. Não verbalizei este sentimento mas pensei. Para fora, só dizia, “Isso tudo o que dizem…não vai acontecer comigo! Eu sou forte, eu aguento, eu não vou ser um vegetal durante 6 meses!”.  Eu quero viver e viver com qualidade! Não quero desperdiçar nenhum mês da minha vida! E chegou o dia! 12 de Março de 2013 às 9h! Entre a expectativa e a realidade existe uma distância…longa…e a ser contada…em um outro post 😉

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