Cerca de 7/8 meses depois de terminar a quimioterapia e já depois da radioterapia, estava eu vivendo a minha vida da “beleza oculta” (vendo flores e cores em tudo à minha volta) e mudando o meu estilo de vida, quando, ao entrar no meu prédio sinto um enjoo parecido com o da quimioterapia. Senti o cheiro da sala de quimio e todas as sensações voltaram à minha mente. O enjoo, a exaustão, as tonturas, aquela sensação que o meu corpo estava sucumbindo tipo uva passa.

Subi o elevador de nariz tampado e olhos fechados. Queria eliminar e esquecer aquela sensação.

E uma outra vez, entrando numa loja Mundo Verde em São Paulo, estavam oferecendo para degustar um novo whey vegano de vanilla. Provei claro. Adoro degustações. Levei a mão à boca para não vomitar na frente da senhora que, viu o meu pânico e me levou no lavabo. E veio toda aquela sensação…..inclusive uns arrepios.

Acontece que vanilla, durante quase 1 ano, ativava todas as sensações da quimioterapia. Foi o desinfetante que usavam no meu prédio (pedi ao zelador, pelo amor de Deus para trocar) e foi o whey que provei. A partir daqui aboli a vanilla da minha vida, ao ponto d eme esquecer dela.

Mais tarde, quando comecei a estudar para me tornar Medical Coach, reconheci estes episódios como incidentes triviais que fazem parte do escopo de Estresse Pós traumático. A minha experiência com o cancer não foi legal (nunca é quando ficamos 11 meses à mercê de tratamentos tão agressivos) mas não foi, nem de perto, das piores. No que se trata de cancer, há sempre alguém que está sofrendo mais. No entanto, ainda assim, a minha associação imediata com os cheiros, acionou os meus sentimentos de luta ou fuga de uma forma muito real.

As pessoas que sofrem de EPT podem ter uma série de sintomas diferentes, incluindo um ou mais dos abaixo:

• Pesadelos ou flashbacks
• Dificuldade para dormir
• Pensamentos recorrentes e indesejados
• Intensa angústia
• Evitar certas situações ou pessoas
• Perda de interesse em coisas que antes eram agradáveis
• Desconexão com a própria vida
• Sentimentos fortes de culpa, desesperança ou raiva
• Reações físicas intensas ao lembrar do evento

TEPT foi reconhecido pela primeira vez como um transtorno diagnosticável em 1980, mas só em 1994 é que o diagnóstico foi aplicado a pacientes com câncer.

Os médicos agora sabem que o Transtorno de Estresse Pós Tráumatico afeta um número significativo de sobreviventes de câncer. Por exemplo, um estudo de 2011 mostrou que quase um terço dos pacientes com linfoma de Hodgkins sofria de TEPT persistente ou agravado. Muitos desses pacientes tinham terminado o tratamento até 12 anos antes. Outro estudo de 2011 mostrou que 1 em cada 5 pacientes com câncer de mama apresentaram sintomas de TEPT três meses após o tratamento. Os pais de sobreviventes de câncer na infância também podem ter TEPT.

Quanto mais intenso o tratamento, maiores as chances de que ele pode causar o transtorno, dizem os especialistas. E os pacientes que sofrem de TEPT são mais propensos a evitar apoio/acompanhamento.

Às vezes, leva semanas, meses, ou mesmo anos antes que os sintomas apareçam – aqui o problema é que o evento já está “enterrado” no sub consciente mas significa que estamos fortes o suficiente para lidarmos com ele. Então surgem os sintomas. Viver com TEPT causa danos em cada aspecto da nossa vida. Mas pode ser tratado, pode ser ““limpo” assim que entendemos como funciona.

O tratamento geralmente envolve uma combinação de terapias, Medical Coaching em alguns casos e quando mais grave, medicação.

Se você acha que pode estar lutando com TEPT, procure ajuda. Não se envergonhe. Você não está sozinha e há muita ajuda lá fora.

Um beijo no coração,

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