Myrna Maia – Histórias que Inspiram #49
“Descobri o câncer de mama (Carcinoma ductal invasivo) aos 34 anos em agosto de 2013. É estranho, mas em nenhum momento senti desespero ou raiva, pelo contrário, uma onda de muita calma e equilíbrio tomou conta de mim. Na verdade, nunca me senti com essa doença! Costumo pensar que ela veio para me alertar, para que eu cuidasse mais de mim. Desde 2011 já sentia um desconforto nas mamas, mas fui empurrando com a barriga, ou seja, fui extremamente negligente comigo mesma até que um belo dia, já em 2013, meu filho Matheus me disse: “mãe, tô cansado de toda vez que te abraço você pede para eu tomar cuidado porque seus seios estão doendo. Se você me ama, vai ver o que é isso”!
Foi então que procurei a Drª Alba Dias, Mastologista. Prontamente ela me explicou que eu teria que fazer uma biópsia para termos certeza. Quando ela me disse isso, no meu coração e na minha cabeça, já sabia que havia algo de errado, mas me mantive firme. Olhou para mim e me tranquilizou. Ela foi psicóloga, mãe, amiga, irmã, mulher e principalmente uma profissional humana!
Meu tratamento começou com a cirurgia: fiz a quadrantectomia para retirar os dois nódulos malignos. Em seguida foram quatro sessões de quimioterapia com ciclos de 21 em 21 dias e depois dois meses de radioterapia. Tudo isso foi realizado em Salvador através do Hospital Português e do Núcleo de Oncologia da Bahia(NOB). É válido ressaltar que o meu tratamento foi e está sendo realizado pelo plano Planserv (sou dependente da minha mãe que é serventuária da Justiça da Bahia) e não pelo SUS. Não que eu esteja desfazendo do SUS, sei que em algumas capitais funciona, mas se fosse para eu depender dele, certamente estaria ainda na fila… O plano me possibilitou a agilidade do tratamento e as etapas a serem cumpridas. Sou privilegiada, graças a Deus! Penso que todos deveriam ter essa oportunidade…
Nunca permiti que sentissem pena de mim, ao contrário. Costumo dizer que: ruim é quando você descobre uma doença e ela não tem tratamento. O que não foi o meu caso. Pela minha fé eu me considero curada, mas sei que não é assim e que eu ainda não estou liberada, tenho um longo caminho pela frente! Hoje em dia faço hormonoterapia com uma medicação diária (Tamoxifeno), provavelmente terei que tomar durante cinco anos, podendo prorrogar por mais cinco anos e sigo uma vida normal. Trabalho, faço academia cinco dias por semana, me alimento mais saudavelmente, tomo de seis a sete litros de água por dia, namoro e etc. Algumas coisas como sol, peso, correr e ficar em pé mais de 20 minutos ou sentada durante muitas horas me prejudicam (a medicação é propícia a trombose), mas procuro tomar cuidado. Ainda aguardo a realização dos exames BRCA1 e BRCA2 (estudo da mutação dos genes) onde saberei se se haverá a necessidade da retirada dos seios, ovários, trompas, útero e talvez a vesícula. Isso tudo porque já existem casos na família de ambos os lados e essa etapa é primordial para o meu tratamento.
Sinto muita falta dos meus cabelos, eles eram cumpridos. Mas não é uma falta dolorida, na verdade já sabia que o tratamento me faria perdê-los. O mais engraçado é que muitas pessoas acham que é moda minha, pensam que radicalizei e resolvi cortá-los e andar com lenços! Aí, quando conto o motivo, elas se espantam, pois acham que estou muito bem, sempre disposta como se nada tivesse acontecido, dizem que não pareço estar fazendo tratamento de câncer… Pior que é bem isso mesmo, encaro como uma gripe onde tem começo, meio e fim!
Assim que recebi a confirmação do câncer de mama, lembro de ter saído do consultório com um só pensamento: E agora, como vou contar para meu filho? E meu emprego? Será que termino com meu noivo? Estou me sentido ótima, não entendo como estou com esta doença! Pedi um papel e uma caneta para a atendente e escrevi: “Meus planos: pós-graduacão, casa própria, levar meu filho para Nova York, tirar carteira de motorista, voltar a fazer dança, casar e conhecer novos lugares. E olha que isso fez uma diferença enorme!
É claro que tem dias que eu desanimo, parece que os dias não passam, mas graças a Deus eu posso continuar trabalhando (sou secretária administrativa) e sempre foi a melhor saída para mim, ocupar a mente. Tudo que eu preciso para ter um bom tratamento, me foi permitido: família, amor, tratamento, fé, amigos, emprego, confiança que é igual a autoestima e cura!
Infelizmente essa não é a realidade de muitas pessoas que passam por isso, mas de alguma forma precisamos adquirir forças e uma dose especial de paciência para enfrentar essa doença. É muito importante ressaltar que desde a descoberta até hoje, Deus colocou em meu caminho verdadeiros ‘anjos’ para me fortalecer, apoiar e orientar.
O câncer é tão sorrateiro que nos pega de surpresa. Não deixe o preconceito, o medo e a ignorância lhe influenciar. A aparência muda, os cabelos podem cair, o humor pode alterar, mas tudo é passageiro e depois tudo volta ao normal, com mais força e vigor. Até a nossa postura diante das dificuldades da vida muda e para melhor!
Aproveitar mais o tempo com sabedoria, permitir que sua mente só absorva pensamentos positivos, permanecer em agradáveis companhias, ocupar a mente com um trabalho, ler bons livros, escrever, ouvir músicas que gosta, agradecer, ter fé (independente da religião), tudo isso são alternativas de paz espiritual que devemos ter para encontrarmos um equilíbrio interior. Eu pequei muito em não ter percebido os sinais a tempo, por isso faço um apelo para as mulheres (tanto jovens como senhoras) que não deixem de frequentar um profissional na área e nem desista de si própria. Superar o câncer de mama é possível!”
Myrna Maia 34 anos, noiva Câncer de mama Salvador, BA – BrasilParticipe também! Qual é sua história? O que faz vibrar seu coração? O que te dá força? Conte para mim, conte para nós….AQUI.
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Beijo no coração