Filipe “Lipe” – Histórias que inspiram #27
Hoje é dia de Natal, dia do nascimento de Jesus! E a história que inspira desta semana, é um presente de Deus. Representa todas as crianças que jamais deveríamos ver sofrer e que, ao mesmo tempo, nos ensinam como deveríamos viver.
Conheçam, pelas palavras da mãe Regiane, a história do “Lipe” que, aos 4 anos, se viu frente a frente com um câncer agressivo
Essa foi a primeira coisa que pensei quando ouvi a medica cirurgiã pediatra dizer: “Não é apendicite mãe, é um tumor!”
Filipe sentou no sofá as 19:30, do dia 07/01/13 e reclamou de dores na barriga. Pensei que fosse dor comum que criança sente quando está com intestino preso ou porque comeu algo que não desceu legal. Dei remédio mas ele não suportava a dor. Meu esposo o levou para o hospital e ele ficou no soro com medicamento. A dor passou e ele foi para a casa.
Nesta mesma madrugada ele estava queimando com 39 de febre e já não conseguia apoiar o pé direito no chão. Corremos para o hospital e fez uma cirurgia de emergência.
De uma suposta apendicite a um linfoma imenso no abdômen.
Eu vivia dizendo q preferia que acontecesse comigo do que com meus filhos, mas estava iniciando o pior pesadelo da minha vida.
Foram exatos 40 dias de internação, 3 cirurgias em 20 dias e quase morte naquela UTI.
Muita dor, muito sofrimento o medo da perda era desesperador. As poucas horas de descanso em casa só para o banho e sono, me faziam até pensar em besteiras, como o suicídio. Eu olhava as roupinhas dele, os sapatos, a cama e pensava: “Será que nunca mais ele vai usar isso tudo? Nunca mais vai correr neste corredor? Não vai mais dormir nesta cama?”. Ele completaria cinco anos em abril, não conseguia pensar na possibilidade de viver sem ele mais. Esse medo era ABSURDO.
Na primeira noite do dia em que recebi a notícia, pedi à minha cunhada, Carol, que ficasse falando e repetindo que tudo daria certo e que ele voltaria com muita saúde para a nossa casa.
Na UTI temos que viver um dia de cada vez, é uma caixa de surpresas boas e ruins. O linfoma do Lipe não podia ser removido na cirurgia, somente a químio resolveria a questão. E resolveu. O problema é que, quando o tumor saiu levou com ele um pedacinho do intestino causando assim um abcesso no abdômen. Sem defesa no organismo para lutar contra a infecção, Filipe foi submetido a uma segunda cirurgia de risco total. Inevitável o coma.
Nossa luta era diária e o medo também. Eu vivia para chorar e rezar, à espera de um milagre.
Quase sem chances de sobreviver, totalmente debilitado, com derrame de pleura, pneumonia, infecções e mais a químio no organismo, Lipe ficava ali lutando contra os 40 graus de febre.
Meu Deus que sofrimento!!! Que dor!
Não sabia se ele voltaria para nós e essa dor me matava, eu morria um pouquinho todos os dias.
Meus amigos foram FUNDAMENTAIS. Eram tantas mensagens, tantas manifestações de afeto e solidariedade que eu agradeço até hoje. Cada mensagem me ajudava a ficar em pé.
Eu tinha algumas amigas fiéis que ficavam no whatsapp comigo quase a madrugada inteira. Dando força, esperança, mensagem de otimismo para que eu sobrevivesse as madrugadas eternas na UTI.
Numa quinta-feira o doutor nos comunicou que o estado dele havia piorado. Não tinham muitas esperanças.
Fui para Aparecida e, aos pés da minha santinha de devoção, entreguei meu filho a Ela. Pedi que, se a vontade de Deus não fosse a mesma que a minha, então que me ajudasse a carregar a cruz, porque enterrar o meu filho seria a provação maior de toda a minha vida.
No dia seguinte, sexta-feira, um amigo levou a imagem de Nossa Senhora de Fatima na UTI. Rezamos todos juntos. Parecia ser uma despedida.
No domingo, as 7:53 Filipe respirava sem os tubos e acordava para viver novamente.
Meu filho, e nós, recebemos um MILAGRE. Ele teve a sua chance de ficar e concluir seu ciclo. Foi se recuperando e após mais alguns dias de luta contra uma bactéria fortíssima e rara, a equipe do GACC, com toda sua competência e junto a permissão de Nosso Senhor Jesus, salvaram meu Lipe! Ele voltava à vida.
Quarenta dias sem andar, quarenta dias sem ver os amigos e o irmão Gustavo.
Filipe foi um herói! NUNCA, nunca reclamou, NUNCA pediu para ir embora, aguentou tudo caladinho. E suportava as piores dores (exames invasivos sem a anestesia) sem reclamar.
Seu primeiro dia fora do hospital foi uma festa para TODOS. Amigos, amigos dos amigos, parentes, colegas de facebook (todos acessavam a minha página para saber e acompanhar as notícias) e muitas pessoas que nos enviaram óleo ungido, terços, orações, água benta, todas essas pessoas, ou cada uma delas, comemoravam a vitória deste guerreiro.
Lipe saiu do hospital e não tinha forças para andar (magro demais, debilitado) mas saiu caminhando. Sorriu, mandou beijo para a sua fisioterapeuta que acenava e presenciava de longe a cena mais esperada por todos.
Nossa vida passou a ter outro sentido. Não temos problemas, problema é ver um filho morrendo e não poder fazer nada.
Hoje a vida nos ensinou a rezar TODOS OS DIAS agradecendo e pedindo pelos pais e crianças que passam por isso ou pelos que ainda vão passar.
Querem saber da melhor parte?
Alguns dias depois da alta do hospitalar, fui mostrar algumas fotos para ele. Filipe pegou a foto de Nossa Senhora de Fatima, e na maior ingenuidade de criança disse:
“Me lembro dessa mulher! Ela entrou um dia no meu quarto, me deu um beijo no rosto e disse que eu já estava curado!”
Obrigada eternamente porque a SUA vontade foi a mesma que a minha!”
Felipe Ávila – “Lipe” 4 anos Linfoma do Abdomen São José dos Campos, SP – Brasil
Mãe Regiane, se o amor é o maior remédio contra o câncer, você conseguiu curar seu filho. Um bem haja a todas as crianças e a todas as mães que têm que passar por dores como a de ver um filho sofrer. Acreditem no amor e tenham fé.
Fiquem com Deus e um Feliz Natal com muito amor e muita saúde.
Beijo no coração,
Vânia
Com os olhos marejados e alagados dou o meu maior sorriso a esta família que passou por uma provação dura demais.
Um bom ano, muita saúde e muitos natais de amor e paz para o Filipe e sua família.
Lembro-me desse caso. Acompanhei através da Carol. Mas contada assim por vc, a mãe… li com os olhos marejados. A união dessa família, a FÉ, o amor em torno dessa criança linda e guerreira, a competência médica o salvaram. Desde essa época procurei conhecer um pouco mais o trabalho do Gacc e a colaborar com eles desde então. Obrigada por compartilhar sua história e vida longa ao Lipe e a todos vcs.