Clarinda Faria – Histórias que Inspiram #16
“Quando comentei com o meu marido sobre este espaço e se deveria ou não escrever ele respondeu de imediato: “Conta, se puderes ajudar alguém como a Castanheira te ajudou, deves contar.
E aqui estou eu “Inteira” após uma mastectomia bilateral.
Tudo começou em março quando recebi uma convocatória da Liga Portuguesa Contra o Cancro, para consulta e realização de exames, para Rastreio do Cancro da Mama. Primeira vez que o chão me fugiu debaixo dos pés… primeira vez que me preparei para o pior e achei que me ia calhar o “pacote completo”. Seguiu-se biópsia e espera de resultados. Confirmou-se Carcinoma ductal invasivo com receptores hormonais. Seguiram-se análises, ressonância magnética, ecografias, mamografias, rx, electrocardiograma. Seguiram-se noites sem dormir, horas de choro, mas a certeza inequívoca que o importante era viver. Por mim, que gosto da vida; pelo marido carinhoso que tenho e amo; pela filha de 26 anos que adoro. Não me perguntei porquê eu. Era mais um número nas estatísticas mas ia lutar… E arranjei forças, não sei como nem onde mas arranjei! Trabalhei sempre, ficar em casa não era opção: afinal eu não era muito boa companhia para mim própria.
Gerir as esperas de resultados dos exames é muito difícil. A espera consome-nos, desgasta-nos…
A ressonância confirmou um tumor de 1,6cm, mas a médica palpava uma área mais extensa, talvez tecido inflamado como resultado da biópsia, que com a margem de segurança daria uma área de 7cm (demasiado para conservar a mama). Foram-me apresentadas duas hipóteses: tratamento de quimio (sem garantia de redução do tumor) ou partir para a mastectomia. Não hesitei e fiz uma terceira proposta- mastectomia bilateral. Não podia perder tempo, tinha que agir, estava em condições perfeitas a nível de saúde, para partir para a cirurgia e a minha opção deixar-me-ia muito mais tranquila em termos de saúde futura e muito mais inteira em termos psicológicos.
Teve que ser reunida a Equipa Médica e como não houve Unanimidade, teve que haver votação e a minha proposta venceu por um voto. A minha médica bateu-se para que a minha proposta fosse aceite e estou-lhe extremamente grata. No dia em que ela me disse que 50% do trabalho era da equipa mas que precisava de mim para os outros 50%, decidi colaborar pelo menos com 75%.
Nem tudo tem sido fácil, claro que não! É uma doença que traz uma carga emocional enorme, é avassalador, é um autêntico “Adamastor”…
Mais uma vez aguardo resultados da Anatomia Patológica para saber se é necessário fazer tratamentos complementares, quimio, rádio…
Mas estou aqui, de pé e inteira, amassada e em fase de cicatrização, completei um assalto de box e fiquei ko, mas estou cheia de vontade de viver. Tenho ainda muitas aventuras pela frente num relacionamento de mais de 29 anos, com um marido que sabe que uma mulher é muito mais que um par de mamas.
A vida é demasiado preciosa para não a aproveitarmos! Temos que ter como objectivo principal VIVER! Quem luta fica com sequelas e as cicatrizes lembram-nos a grande batalha que travámos. Tenho lido muito, reflectido muito, caminhado muito mas estou em paz e tranquila para enfrentar tudo o que ainda vier por aí.””
Eta GUERREIRA!!!!! É isso aí! “Força na peruca”!
Clarinda Faria 48 anos, casada Câncer de mama – mastectomia bilateral Coruche, PortugalAs nossas histórias dão um sentido à nossa vida e ajudam a vida dos outros. Qual é sua história? O que faz vibrar seu coração? Conte para mim, conte para nós….AQUI.
Beijo no coração
Muitos Parabéns pela coragem e por esta magnifica discrição de tudo pelo que tem passado.
Coragem guerreira, força e determinação, pelo seu marido, pela filha, mas principalmente por si mesma. Um beijo muito grande e continue com essa garra e determinação que eu sei que as pessoas de Coruche têm.
A forca q tu tens a forca q o ser humano tem perante as adversidades da vida. Guerreira sempre guerreira…forca Clarinda a ti e a todos q passam por estas adversidades. Bjs
Adorei Clarinda esta partilha.
Adorei a forma como se expõe e adorei a coragem e força demonstrada.
A vida é realmente demasiado preciosa para a despediçar.
Um grande abraço de felicidades para si, para o seu marido fantástico e para a filha maravilhosa que a acompanha.
Força e nunca desanime.Estou com minha irmã a espera de uma biópsia da mama direita, sei que é assustador e temos de ter fé, muita fé.
Parabéns, Clarinda.
Força e coragem porque como muito bem escreveu:
“um marido que sabe que uma mulher é muito mais que um par de mamas”.
“A vida é demasiado preciosa para não a aproveitarmos! Temos que ter como objectivo principal VIVER!”