A história de hoje vem de Portugal. A Cristina tem 38 anos e começou o e-mail que me enviou da seguinte forma: “Olá Vânia! Desculpa a falta de formalismo, mas em companheiras de doença, acho que é dispensável.” Achei fantástico! Depois de passarmos por uma situação comum (neste caso um câncer/cancro de mama), passamos a ter uma afinidade umas com as outras, que dispensa qualquer formalismo. Somos assim como colegas, companheiras. Soldados que lutaram do mesmo lado da batalha: Mulheres Vs Câncer/Cancro.

 A “guerreira” desta semana é casada com “o melhor marido do mundo” (como ela diz) e tem 2 filhas, uma de 7 e outra de 9 anos. As principais razões pelo amor à vida.

Foi diagnosticada com Câncer de mama em Maio de 2013, grau 3 (4cm invasivo G2, erbb2 negativo, receptores 100% positivo. T3 N1 Mx). Teve direito ao “pacote completo especial plus”: 16 Quimioterapias + Mastectomia radical + 30 sessões de Radioterapia + tomar Tamoxifeno por 7 anos + Lucrin Depo por 2 anos.

Antes de ser diagnosticada trabalhava 12h por dia e passava a vida correndo de um lado para o outro. Sempre estressada. O emocional dela estava abalado, desiquilibrado. Por isso atribui a causa da doença a ele. Nunca esteve depressiva, rodeou-se de pessoas positivas em volta dela e conseguiu afastar-se das negativas. Chegava a ser, inclusive, a pessoa que animava os acompanhantes ao seu redor. No entanto, sentiu muita raiva quando teve que fazer mastectomia radical e o esvaziamento axilar. Sofrer uma amputação e ficar com algum tipo de anomalia mexe com a cabeça de qualquer pessoa.

Durante todo o tratamento “fugiu” das pessoas que sofriam da mesma doença ou passavam pelo mesmo tratamento. Nunca chorou, guardou para ela o sofrimento mas arrepende-se. A raiva, a dor e o sofrimento não vão embora se os ignorarmos. “Senti falta de me queixar… A pressão de estar sempre bem disposta dada pelos amigos e família teve o seu lado positivo e negativo. Mas gosto de pensar que já passou.” 

Ainda não regressou ao trabalho e sente preguiça de o fazer. Isto porque tem medo que a sua vitalidade e energia não voltem a ser como eram antes. A autoestima foi um pouquinho abalada porque engordou 20kg. Já perdeu 10, mas ainda faltam outros 10kg. Acredite Cristina, a energia e a vitalidade voltam. Parece impossível mas voltam. E quanto aos quilinhos a mais, procure fazer um plano alimentar e de atividade física. Vão ajudar, e muito, a conquistar uma forma física melhor do que a que tinha antes.  

Beijos querida e feliz “renascimento”. Viva com toda a intensidade e paixão que tem dentro de você. 

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