Histórias que Inspiram #2
Áurea Ferreira “ O meu nome é Áurea, tenho 39 anos, sou Enfermeira e vivo no Porto, em Portugal. Em Dezembro de 2012 descobri um nódulo na mama direita, fiquei a pensar no que seria. Como a minha mãe já tinha tido câncer/cancro da mama, fiquei logo a pensar se seria algo similar. No dia seguinte fui trabalhar para o hospital e fui ao grupo da mama para tentar saber o que se passava. Fizeram-me mamografia, ecografia e biopsia e fiquei a aguardar o resultado. Apesar de termos sempre esperança que tudo vai correr bem, interiormente já sabia o resultado da biópsia. Passado uma semana veio o resultado: carcinoma invasivo ductal na mama direita. Chorei, interiorizei, respirei fundo e decidi que tinha de lutar e resolver tudo o mais rapidamente possível. Marquei consulta, conversei com a cirurgiã que escolhi para me operar e depois de esclarecidas todas as dúvidas, marquei a cirurgia. Fui operada no dia 21 de Janeiro e realizei quadrantectomia/tumorectomia, com pesquisa de linfonodo/gânglio sentinela. Não foi realizado esvaziamento axilar. Estive internada 4 dias e depois aguardei os resultados da anatomo e das análises para decisão dos tratamentos adjuvantes. Os resultados confirmaram que o meu tumor era de alto risco de recidiva e seria necessário realizar quimioterapia e radioterapia. Fiz seis sessões de quimioterapia, três de FEC (vermelha) e três de docetaxel, que apresentam efeitos secundários diferentes.
Iniciei a quimioterapia no dia 8 de Março de 2013 e no início não tive grandes efeitos secundários. Apenas cansaço e alterações do padrão do sono. No entanto, no dia 19 de Março, tive uma neutropenia com 40º de temperatura e por baixa de defesas, tive de ir ao hospital e iniciar antibioterapia e isolamento.
Devido a isso em todas as sessões de quimioterapia tinha de tomar uma injecção que me fazia estimular a produção da medula e aumentar as defesas, injecção essa que provocava grande cansaço e dores no corpo. As primeiras 3 sessões de quimioterapia foram mais fáceis, as últimas três foram muito pesadas. Não tolerava o ruido, tinha dores nas articulações, ossos e músculos que me impediam muitas vezes de abrir uma simples garrafa e nem com medicação forte elas diminuíam….contudo nem toda a gente reage da mesma forma. Terminei quimioterapia a 18 de Junho e iniciei 25 sessões de radioterapia diária (segunda a sexta) no dia 17 de Julho que terminaram a 16 de Agosto. Como o meu tumor é hormonal faço medicação, um comprimido de tamoxifeno diário durante 5 anos. Neste momento estou a realizar fisioterapia para uma maior mobilidade do braço, limitação provocada pela cirurgia e radioterapia. E claro, tenho as consultas de acompanhamento, os exames que me irão acompanhar sempre. Realizei os testes genético em virtude de na família eu e a minha mãe termos câncer/cancro da mama e o meu pai câncer/cancro da bexiga, mas os resultados foram negativos. Relativamente à queda do cabelo foi uma coisa que reagi bem, apesar de na altura ter o cabelo comprido e gostar de cabelos compridos. Passado uma semana de iniciar a quimioterapia o cabelo começou a cair. Cada vez que penteava ia saindo uma mecha, até que dia 18 de Março fui rapar e sai com a peruca que já tinha escolhido, contudo nunca foi uma opção, andei com ela meia dúzia de vezes, em casamentos, festas e pouco mais. Normalmente andava sempre de lenços, turbantes, e nunca me incomodou o que os outros pensavam. Claro que tentava sempre arranjar-me, porque quando ficamos sem cabelo, sem sobrancelhas, sem cílios/pestanas, ficamos com a cara, como as Brasileiras dizem, de minhoca e então eu maquiava-me, colocava cílios/pestanas postiças, usava lenços bonitos e tentava apresentar uma imagem de mim o mais possível do que eu era, mas essencialmente fazia isso para me sentir bem e fazia isso por mim, porque o impacto nos outros por vezes é complicado. O câncer/cancro é sempre associado à morte, e nunca quis que me vissem como uma “coitadinha”, mas sim como alguém que estava a lutar e que ia vencer. Claro que não vamos dizer que são tempos fáceis, claro que não, tive períodos de frustração, de lágrimas, períodos de saudades minhas e daquilo que eu era e do que fazia, mas sempre acreditei que ia vencer e tive uma família excepcional que me apoiou e aturou, porque literalmente regressei a casa dos pais durante os tratamentos. E tive um grupo de amigos que foram os meus pilares, que me acompanharam em todos os momentos, em todos os tratamentos. Que me encheram o telefone de mensagens, telefonemas, o facebook de mimos, a casa de visitas. No fundo, é nestas alturas que os nossos verdadeiros amigos se revelam e tive revelações fabulosas e que nunca poderei agradecer tudo o que fizeram por mim, mas também sei que eles não querem agradecimentos porque a amizade é mesmo assim. Neste percurso participei na campanha realizada pelo designer Filipe Inteiro em parceria com a Associação Cancro com Humor que pretendia mostrar os sorrisos fantásticos de pessoas inspiradoras. Retratava, através da fotografia, os efeitos colaterais inerentes ao câncer/cancro e aos seus tratamentos, desmistificando o preconceito associado à doença.
Fiz e faço parte deste projecto porque sempre acreditei que temos de desmistificar a associação do câncer/cancro com a morte. E a queda do cabelo, que é o factor mais evidente para os outros. Eu resolvi-me muito bem com a minha queda do cabelo, o problema estava nos outros. Nós temos de nos preparar para os olhares dos outros, e esta campanha veio um bocado de encontro a isso, porque nós por termos câncer/cancro, por estarmos doentes não somos pessoas diferentes, apenas estamos a passar um fase que acreditamos que vai terminar, e o cabelo vai crescer e não interessa se vai ser de uma cor diferente, isso para mim nada interessa, o que interessa é que não queremos olhares de pena, atitudes de “coitadinha”, mas sorrisos e palavras de esperança. E também o alertar para que o câncer/cancro existe, que temos de fazer rastreios, temos de nos preocupar connosco, temos de ir ao médico, temos de lutar porque este é um processo penoso e a prevenção e o diagnóstico precoce é muito importante. A Campanha tem estado presente em Exposições e em murais de rua nas cidades de Braga, Coimbra e Beja. Brevemente estará no Porto e Matosinhos e esperamos que por Portugal inteiro. Precisamos essencialmente do apoio das Camaras e das empresas. Estivemos também presentes em programas de televisão a dar o testemunho e a apresentar a campanha.” A campanha está sendo divulgada através da fanpage do Facebook:https://www.facebook.com/despiropreconceito. Vá lá dar um curtir na página. Vamos dar uma força e acabar de vez com os preconceitos em volta deste “bichinho” danado, o câncer. São projetos como este que conscientizam a população e fazem com que olhemos com outros olhos para esta tão temida doença. Parabéns Aurea. Adoramos conhecer você e desejamos muita saúde e muitos (e bons) anos de vida. 😉
Força, és simplemente uma força da natureza e um exemplo que nunca se deve desistir e acreditar com um sorriso…
(obrigada pelo o apoio que tens dado à Céu)
bjinhos e que Tu sorrias à vida…
Acho fantástica esta partilha de histórias.
Parabéns Vânia pela tua partilha generosa, que levas alegria, ciência e esperança a milhares de pessoas.
Obrigada por teres partilhado mais uma história de sucesso e de alegrias.
Aurea não deixe de lutar e partilhe também a sua fantástica história pelo mundo.
Amiga Áurea, a única coisa que te tenho para dizer é que sou teu fã. Um beijinho muito grande e até breve.
Hugo
Vânia, amiga querida. Copiei a foto que diz que o riso é a minha quimioterapia natural e vou colocar no meu blog, assim como já tenho lá seu depoimento va TV Vanguarda e a Campanha dos Lenços. Se houver algum problema é só me avisar que retiro.
Um abraço grande,
Manoel
A foto é de uma campanha em que um dos rostos da campanha sou eu…essa foto sou eu e pode usar à vontade, para mim é um orgulho
Se me pudesse enviar o link agradecia:
aureafer@gmail.com
Por acaso vi a reportagem desta e mais duas corajosas na TV