Vivi 31 anos enganada! Pensava que o meu cabelo era mais do que eu. O meu reflexo, a minha imagem, o meu ex-líbris, a minha identidade, o meu “eu”!! Me via como Sansão e via a tesoura como Dalila. Achava que a minha força vinha do cabelo e que as tesouras, as “Dalilas” dos cabeleireiros, queriam tirar meu vigor! Máquina de raspar cabelo?? Essa nem entrava no meu dicionário seletivo!

Qual o meu espanto quando me detenho com a realidade que vou ficar sem ele?! Foi todo um processo mental de estágios. Primeiro: o pânico,na consulta com o oncologista, pensei que “eu” iria desaparecer diante desta realidade. Segundo: o conformismo. Ok, tem de ser tem de ser, vamos lá enfrentar. Só me vinha a imagem, na cabeça, da Sinnead O’Cconor na capa dos vinis. Terceiro: o entusiasmo, a euforia. Tenho que tirar alguma coisa positiva disto. Vou procurar uma peruca bem legal, um cabelo lindo e vou-me divertir com isso (acabei até por tirar várias coisas positivas).

17 dias depois da 1ª poção mágica (quimioterapia), meu couro cabeludo começou a coçar e a doer. Estava na hora de raspar, antes que ele caísse. Eu não queria passar pelo drama de ver a minha “juba” caindo aos poucos. Não queria ficar com “tufos” na mão ou entupir o ralo do chuveiro. Não queria viver este drama. Já estava vivendo tantos e por isso queria evitar o mais que pudesse. Então, lá fui eu, maridão, papai e mamãe para a loja das perucas. “Off with the hair” ditou a Rainha de Copas e lá fomos nós! Mais uma etapa.

Vejam como foi abaixo  E boa sexta-feira!!

Filmado pelo maridão, editado pela Canarinho Digital e animado pela Gal Costa (tentei contata-la, mas sem sucesso. Se alguém tiver o contato correto dela e me puder passar, agradeço.  . Obrigada a todos, meus queridos.

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