Depois da ginecologista (a minha querida Dra Juliana Paola) foi a vez do Mastologista. Mais exames e mais ansiedade em cada segundo de espera pelos resultados. O médico disse que era urgente operar e que o queria fazer na semana seguinte. A “ficha não caía”, o “filme” não parecia ser o meu. Eu e o meu Rodrigo andávamos atarantados e não tínhamos com quem partilhar pois eu não queria que mais ninguém soubesse enquanto não tivéssemos tudo definido. Ninguém mais precisava sofrer com as incertezas quanto ao tipo de cirurgia, a gravidade, etc. 2 dias depois de sabermos do diagnóstico, o meu marido chorava no sofá da sala e dizia: “não posso perder você, não sei nem quero viver sem você…tenho medo! Estou perdido”. Ao que eu respondi: “eu não vou morrer, vão tirar isto de mim e vai ficar tudo bem. Prefiro que seja comigo do que com você pois eu aguento. Se fosse com você, eu não aguentaria tão bem” .

Uns dias depois ficou definida a cirurgia. Quadrantectomia. Ou seja, retirar apenas o quadrante da mama afetada, com uma margem de segurança ao redor, sem mexer em músculo nem no mamilo. Iria também ser injetado um liquido azul no mamilo (que me fez urinar qual smurf durante uns dias e ainda tenho a mama pintada!) para acharem o linfonodo sentinela. Iriam abrir a axila (para além da mama), retirar o tal do linfonodo, fazer biopsia na hora e ver se este estava também afetado. Se estivesse, teriam que ser retirados os gânglios axilares e se não tivesse, apenas seria dissecado. A cirurgia iria demorar entre 3 a 6h, dependia do que “achassem”. Não iria precisar de quimio (ah! Mastologista brincalhão!), apenas de radioterapia e la para Abril estaria como nova! Afinal não foi bem assim. Este era apenas o inicio de uma muito loooongaaaa jornada!

Estando tudo definido, veio o próximo passo. Contar à família. 1º à família do Brasil a quem contaríamos pessoalmente e depois à de Portugal que teríamos que contar por Skype. Brrrrr……tambores….muitos tambores…e muitas risadas antes de contarmos a noticia mais chatinha. Jantamos com os meus sogros e os/as chunhados/as para contarmos as belas férias que tínhamos tido. Mostrarmos as fotos e o belo bronzeado invejável. Jantamos, conversamos muito, divertimo-nos. No final do jantar veio a conversa….”então família, temos apenas uma noticiazinha meio chata mas está tudo controlado e estamos super positivos. Vá, não precisam fazer cara séria. Estou com um tumorzito no peito, é maligno e na semana que vem vou retirar. Pronto, é isto” (leve levantada de ombros e sorrisinho para o lado). Teve um pouco de choradeira mas foi a forma mais leve…ninguém acreditava que estivéssemos ali há 4h e tão alegres. No dia seguinte foi a mesma coisa com os meus pais no Skype. Férias maravilha, fotos bombásticas, muito amor no coração, bla bla bla e…depois de 1h30, “Então….”. A diferença foi que não usei a palavra tumor (nem câncer). Apenas “um carocito maligno”. Os meus pais ficaram estupefatos, não diziam palavra. Afinal, estávamos a rir há 2 minutos atrás…

E depois, foi aguardar que o convênio médico desse a autorização para a cirurgia. A mesma veio 7 dias depois e o dia “D” foi agendado para 29 de Janeiro. Da cirurgia em diante, foi outra aventura para um outro post 😉

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