Berlim
Guten Tag!
Chegar a Berlim, depois que se vem de Amsterdã é um choque! Saímos da cidade de conto de fadas, tudo à escala humana, quase miniatura e, de repente…a metrópole! Grande, cinza, suja, bruta! Esta é a 1a impressão, o choque inicial. Ainda por cima chegamos de noite, às 23h (horários de EasyJet, os voos lowcost). E, por sorte tenho um amigo de infância, o Marco, que mora lá e nos fez o enorme favor de nos ir buscar ao aeroporto de Schonefeld (o mais longe) e nos levar até ao studio que alugamos na Prenzlauer Alle .
O dia seguinte já acordou mais simpático para nós. Descansados, estávamos prontos para conhecer esta cidade tão rica de história, tão polêmica humanamente, tão criativa e cheia de cultura urbana!
Começamos pelo básico e é o que aconselho a quem for a Berlim pela 1a vez: fazer um tour a pé que começa no famoso Portão de Brandemburgo (Brandenburguer Tor). O tour é gratuito e no final pagamos à guia quanto achamos (ou podemos) que valeu a visita guiada. Super justo e maravilhoso. Um banho de séculos de história (criação do Portão, como nasceu Berlim, 1a guerra, 2a guerra e bunker do Hitler, check-point Charlie, memorial holocausto, muro de Berlim, o que restou de tantos bombardeios, relação com França e o que isso significou em termos de monumentos da cidade, enfim….uma serie de paradas históricas que explicam o que aconteceu naquele exato local. Estar cara a cara com a história é muito emocionante!
É só marcar neste link o horário: http://www.neweuropetours.eu e depois encontrar-se na frente do Starbucks ao lado do portão.
Tal como em Amsterdã há bicicletas por toda a parte. Um pouco menos proporcionalmente mas há muitas mesmo. O Berlinense locomove-se muito desta forma. São muito adeptos de comidas orgânicas, há muitas opções vegetarianas e fazem bastante esporte. Pelo que me apercebi, existe uma preocupação em levar uma vida plena e saudável. Adorei!
Existem 2 Berlins que procuram se misturar. Parecem 2 cidades diferentes e de 2 épocas diferentes. E, na realidade, são. Um muro de 155km separou as 2 Berlins por 28 anos de história. Berlim Oriental ficou no passado por ter estado sob domínio da União Soviética, comunista. É o lado mais underground e mais na moda de Berlim e o que mais está em reconstrução. O que mais cresce e o mais procurado pelos jovens e pelos turistas. O lado Ocidental, comandado pela união de França, Inglaterra e Estados Unidos no pós guerra, é o lado mais desenvolvido, capitalista. A “terra das oportunidades”, durante muitos anos. Andando pela rua mais chique da cidade, a Kurfursten-damm, sentimo-nos em Paris. Uma ida a Berlim, merece uma explorada nas duas partes da cidade. Para além de ver vários pedaços de muro pela cidade, toda a extensão dele está marcada no chão.
Os transportes e a segurança são 2 pontos altíssimos na cidade. Andávamos km por dia a pé. Para mim, esta é sempre a melhor forma de se conhecer um local. No entanto, como a cidade é bem grande e as atrações são distantes umas das outras (algumas), o uso do transporte público é uma “mão na roda”. Sugiro que compre um passe diário se for ficar até 4 dias e se ficar mais compre o passe semanal. Estes passes dão para todos os transportes públicos: tram, trem, ônibus e metro. Pode até aproveitar e pegar um bus qualquer e passear pela cidade assim, sem destino…sugiro o 100 e o 200 que são os que percorrem os circuitos mais turísticos. Depois arrisque-se por outros bairros…vale muito a pena e pode descansar as pernocas enquanto vai vendo a paisagem!
O que mais gostei? De passear pela cidade a pé, como sempre. Tanto pelos bairros mais turísticos como por aqueles em que só os moradores andam e vivem. Adoro me sentir como se morasse no local que estou visitando. Sentir a vibração, a energia, os cheiros, o vento,…..
O que visitar, por regiões:
- Mitte – pega 2 áreas: a histórica e a de Alexander Platz – um ponto mega central de onde saem todos os transportes- e é o coração de Berlim. Aqui você aprende, aqui você admira, aqui você se emociona, aqui você chora, aqui você fica indignado/a com tanta maldade, aqui você fica confuso/a com tanta informação, aqui você sente o impacto de toda uma civilização que escreveu a história da Europa. É a região mais turística e onde a sua visita deve começar. Comece pela visita guiada pelo centro histórico que falei acima. Depois da visite alguns locais com mais calma: portão de Brandemburgo, cúpula do Reichstag (mas marque com antecedência pela internet), Tiergarten (passeie um pouco pelos jardins de bicicleta), memorial do Hocolausto, check-point Charlie (não tem nada de especial a não ser o que ele representa), Gendarmenmarkt, museu Pergamon na ilha dos museus, Catedral de Berlim (no mesmo local), subir à torre de TV da Alexander Platz (o ponto mais alto da cidade e tem uma visão de 360º), Hackescher Markt (vá no fim de tarde), Potsdamer Platz (que fica na divisa do muro mas já na parte ocidental – uma parte remodelada cidade, super moderna, com prédios irreverentes que são uma obra prima de arquitetura);
- Friedrichshain – fica na antiga Berlim Oriental e foi o bairro mais irreverente por onde andamos. Tem um ar underground/punk mas é cheio de vida e de pessoas de todos os estilos. Se fosse noutra cidade talvez tivesse sentido medo mas não foi o caso. É uma região de velhos prédios industriais mas que estão a ser transformados – ou em apartamentos modernos ou em empresas ou em áreas de laser alternativo ou bares e restaurantes. Essa imagem é muito forte na Karl Marx Alle. O que mais gostamos foi andar pela Simon Dach Strasse e suas perpendiculares (ao fim de tarde, no happy hour fica cheia de gente e as opções de bares e restaurantes é enorme) e a East Side Gallery – 1,3km de muro de Berlim que ficou de pé e que virou tela de grafites. Tem mais de 100 murais, tornando-a assim a maior galeria ao ar livre do mundo. A área de jardim no final do muro é super agradável para estar de tarde. Tirar a mochila das costas e dar uma descansadinha, enquanto olha para o Rio Spree e para a ponte Oberbaumbrucke – a mais linda de Berlim. Parece de um conto de fadas;
- Kreuzberg – uma delicia andar pelas suas ruas e, com sorte ainda consegue ver uma feira livre onde há pessoas tocando e cantando. É um bairro extremamente multicultural onde se evidencia muitos Turcos. Daí chamarem este bairro de “pequena Istambul”. Na época do muro era a região mais pobre de Berlim Ocidental. Ficou ao abandono e jovens de subculturas alternativas – punks, anarquistas, fugitivos do serviço militar, etc.- foram fazendo de Kreuzberg o seu recanto. Foi o bairro que menos exploramos porque fomos apanhados por uma forte chuva mas não deixamos de andar um pouco pelas ruas e de visitar o Museu Judeu (forte emocionalmente!);
- Prenzlauer Berg – um dos bairros mais agradáveis de Berlim para se morar e o mais legal é andar a pé pela ruas. De dia (cheia de cafés e de feiras de rua aos finais de semana) ou de noite (cheia de barzinhos e de jovens passeando). Não se vê turistas, apenas locais;
- Charlottenburg e norte de Wilmersdorf – em tempos a parte rica de Berlim Ocidental, onde nos sentimos como em outra cidade europeia. Visitar o palácio Charllotenburg e os seus jardins, principalmente. Fazem lembrar Versalhes. Andar pela Kurfurstendamm e seus arredores. É um boulevard tipo Champs Elysees cheio de lojas de luxo, teatros, restaurantes e cafés. No final desta rua encontra a igreja Kaiser Wilhelm que parece uma montagem aos nossos olhos. Dá até vontade de esfregar para ver se é verdade. A torre foi bombardeada na 2a guerra e não a reconstruíram….ficou tal como foi atacada. Tornou-se um memorial anti-guerra e dá até aperto no estômago. Um pouco mais à frente, do outro lado, ficam as galerias Kadewe. Vale uma visita e depois “beliscar” umas comidinhas no último andar. Neste bairro também fica o zoo, mas não fomos.
Há mais para ver em Berlim e se estivéssemos mais 2 ou 3 dias não iríamos repetir as coisas. Por exemplo, dá para ir passar um dia a um campo de concentração (na verdade onde treinavam os militares para os campos de concentração), dá para ir a Potsdam, uma cidade perto de Berlim, há centenas de museus na própria cidade, enfim, uma cidade do mundo e que dá para voltar e conhecer coisas novas, se quiser.
Tempo para conhecer: ficamos 4 dias inteiros e 5 noites e deu para fazer muita coisa. Não parámos mas fizemos muita coisa. A minha recomendação é de 4/5 dias mas se só tiver 3 também consegue aproveitar bem, organizando bem os dias.
Estadia: tal como em Amsterdã, alugamos um studio. Desta vez pelo Booking. O preço era mais em conta e queríamos sentir um pouquinho da realidade de quem mora na cidade. Ficamos no Prenzlauer Berg e tínhamos uma estação de trem (elétrico) bem na porta de casa. Comprávamos as coisas para o café da manhã (foi uma aventura no supermercado) e comíamos em casa. E à noite sempre um cházinho antes de dormir.
Comida: a comida alemã não é bem o que faz o meu estômago bater palminhas e dar pulinhos. O que eu acho que gostei mais foi das experiências como um todo do que da comida em si. Gosto sempre de experimentar as iguarias locais mas na Alemanha isso não é fácil. Por exemplo não como salsicha de jeito nenhum. É com base na experiência que dou as minhas sugestões:
- Café Anna Blume (Prenzlauer berg) para café da manhã de Rei/Rainha ou para um bolo no meio da manhã ou da tarde;
- The Bird – dizem que são os melhores hambúrgueres de Berlim. Tentamos reservar 2 vezes mas estava sempre cheio. Comemos em outro lugar que não me lembro do nome mas também não era nada de especial
- Brauhaus Lemke – no Hackrescher market para comer joelho de porco e degustar cervejas. Não é a minha cara mas provei o joelho de porco que estava muito bom.
- Weinerei – um bar/restaurante com uma proposta diferente, no Prenzlauer Berg. Você paga 2 euros por uma taça e enche do vinho que quiser, quantas vezes quiser. À noite tem também um buffet de comida para se servir à vontade. No final, quando for embora, paga o que achar justo pelo que consumiu. Que tal?
Dificuldades: A língua…Os nomes são confusos e fica difícil nos entendermos no inicio e até de decorarmos. Só no final é que já identificava os nomes aos locais. As indicações nas ruas, supermercados (aqui foi a loucura), etc. (tudo o que não seja museus) estão em alemão apenas! E, para quem nunca estudou a língua é um pouco complicado e torna-se até engraçado, divertido. A primeira coisa que aprendemos é que “Strasse” é rua e que na maior parte das vezes os “ss” são substituídos por um “ß” (Straße) e depois que as pessoas mais velhas não sabem falar inglês. Por isso algumas conversas são um pouco teatrais mas o que interessa é que no final a informação é passada e acabamos por nos entender.
Fique agora com algumas fotos, pelo olhar do maridão. Vale a ida até lá! Prepare-se e aproveite a viagem
E pronto acabaram-se as férias e ficam as lembranças de uma experiência….que parece que vão ficando cada vez melhores, conforme o tempo vai passando. Viajar é enriquecedor demais! A melhor terapia Quero mais!
Beijinhos
Muito Bom!
Que Fotografias e narrativa fantásticas!
Muito Obrigada uma vez mais por partilharem.