Daniela Macedo – Histórias que Inspiram #64

“Me chamo Daniela Macedo, sou estudante de Letras e moro em Santa Bárbara, uma pequena cidade no interior da Bahia.

macedoEu sempre tive muito orgulho das minhas pernas. Malhava todos os dias para que elas ficassem grossas, firmes e bem definidas. Por conta da sobre carga nos exercícios, comecei a sentir o joelho. Fiz uma ressonância que acusou uma inflação na patela. Mas nada grave e o medico prescreveu algumas sessões de fisioterapia. No entanto, nada de melhorar, por isso abandonei os exercícios. No entanto, nao adiantou. Eu só piorava. Ate que fui perdendo a firmeza na perna na medida que a coxa direita começou a ficar rígida. Disseram-me que era atrofia muscular por conta do joelho, e como isso nao me impedia de realizar minhas atividades ( trabalhar e estudar ) nao dei muita importância. Pensava: “Quando estiver de férias eu cuido da perna.”

Mas costumo dizer que Deus  deu um jeitinho pra que eu descobrisse o câncer em tempo de cura.

Estagiava numa escola em Feira de Santana , e mesmo realizando meu trabalho da melhor maneira possível , comecei a ser perseguida pela diretora. O nosso “santo não bateu” e o ambiente de trabalho estava  insuportável . Faltavam 2 dias para os feriados da Copa do Mundo de 2014, e eu procurei o medico para conseguir um atestado. Ele examinou meu joelho e disse não ter nada demais. Quando já estávamos nos despedindo comentei que estava achando minha coxa muito rígida e ele resolveu examinar e fazer um raio-x.

Quando mostrei a imagem ao médico, sua expressão mudou na hora. Aquele médico brincalhão havia ficado tão sério que eu percebi que era algo grave. Quando me indicou para um especialista em tumores ósseos de Salvador,…… eu desabei. Recebi a noticia como se já fosse o diagnóstico!

O especialista prescreveu uma série de exames mas eu não me sentia doente. No entanto, a expressão de toso os profissionais era sempre de preocupação. O resultado: fêmur e músculo contaminados. Eu estava com um sarcoma agressivo na perna .

Minha perna estava em risco. E pior, minha vida estava em risco. 

Começou a corrida contra o tempo e tive o pior dia da minha vida, na consulta com uma oncologista. Ela me falou coisas terríveis. Eu e a minha família ficamos arrasados mas decidimos procurar outro medico, alguém que não me tratasse como um caso sem solução. E achamos!

O tumor estava localizado, media 9 cm e o novo oncologista prescreveu 15 sessões de quimioterapia divididas em 3 ciclos , visando diminuir o tumor para garantir a preservação do membro na cirurgia.

Ergui minha cabeça e fui a luta , o amor da minha família foi muito importante e também a fé. Muita fé!

Me sinto privilegiada, pois fiz meu tratamento numa clínica maravilhosa em Feira de Santana. E, à medida que fui fazendo, fui percebendo que as coisas tinham solução, que meu sonho de cura era possível.

Uma das coisas mais chatas da QT é a queda de cabelo. Antes, eu usava “black power” e amava, pois meu cabelo era também um ato político. Era uma forma de lutar contra o racismo e os padrões impostos pela sociedades , eu estava com tanta pena de cortar que logo quando soube que iam cair eu alisei e, quando raspei a cabeça, fiz de conta que era mais um BC – “Big Choque”. As vezes a gente se engana para coisas ficarem menos doloridas .

Cabeça raspada , investir nos lenços… Para cada roupa um lenço que combine , uma amarração diferente que aprendi aqui no blog e a falta de cabelo passou a ser algo já superado.FB_IMG_1435947555568

Um dos momentos mais críticos de todo tratamento foi o resultado da ressonância pôs QT. O tumor havia reduzido apenas 1cm e mais uma vez fiquei sem chão , pois não sabia se era possível operar daquele tamanho e eu tinha muito medo de perder a minha perna .

Felizmente foi possível operar e 3 messes depois da QT, foi feita a cirurgia , eu já estava “cabeludinha” e tudo. A cirurgia retirou o tumor e substituiu a parte do fémur contaminada por uma prótese de titânio. A recuperação foi indolor mas muito custosa. Tive que reaprender a  sentar, a andar. Precisava de ajuda ate pra ir no banheiro que teve que ser adaptado para o meu uso.20150530_104132

O que foi retirado foi direto para analise que diagnosticou um osteossarcoma. Até então não sabíamos se o câncer se originava no osso ou no músculo .

Durante meu resguardo várias coisas aconteceram. Coisas boas!!!  Passei no vestibular pois cursava espanhol mas nao gostava. Comecei a namorar e a valorizar coisas que nem prestava atenção, tais como: Agachar, levantar da cama, ir ao banheiro, tomar banho, me virar na cama,… coisas simples mas que passei a precisar de ajuda para fazer .

Dois messes após a cirurgia voltei ao oncologista , estava livre do câncer , mas ele prescreveu mais 4 ciclos de QT pois segundo ele era muito arriscado me “deixar descoberta”.20150918_100309~2~2

Mais uma vez padeci, me sentia tão cansada, andando de muletas. Parecia que não iria conseguir encarar mais quimioterapia …mas decidi fazer.

Esses últimos ciclos foram mais difíceis que os primeiros. Isto porque eu tive a sensação que fiquei boa e que adoeci de novo … Raspei a cabeça de novo, unhas roxas de novo, enjoos , fadiga , aftas , espinhas, um zumbido no ouvido, mal estar unido ao fato de estar me recuperando de uma cirurgia de grande porte.

Mas como sempre Deus sempre dá um jeito de tornar as coisas menos chatas rs … Meu namorado foi essencial na minha recuperação , me acompanhava nas consultas , nas sessões de QT, na minha casa , um companheiro e tanto. Um amor que nasceu em circunstancias totalmente desfavoráveis . É muito bom ter alguém para beijar sua carequinha, para deitar no colo, para te admirar… Cuidar e ser cuidada, ser amor e ser amigo ao mesmo tempo.. É muito bom ❤

Veio pra somar ao amor da minha família, da minha mãe, do meu filho, (sentia tanto medo de deixar ele sozinho) …20150817_124539~3

Meu tratamento acabou, e terei boas lembranças , graças à equipe que cuidou de mim, graças a minha família que nunca me abandonou, graças ao meu amor, graças a Deus! Hoje estou curada e meus exames estão ótimos. Tenho uma vida normal, onde estudo, trabalho e onde sou uma pessoa muito melhor depois de tudo. Sou mais forte, mais confiante e mais feliz. E, o melhor de tudo, com minhas duas pernas.

Daniela Macedo
31 anos, 
Osteossarcoma
Santa Bárbara, BA – Brasil

Câncer não escolhe idade! Se sente algo diferente no seu corpo vá ver o que pode ser. É provável que não seja nada mas se for, já pode tratar desde o inicio. Siga o seu coração. Ele sabe o que se passa com você.

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7 Comentários to “Daniela Macedo – Histórias que Inspiram #64”

  1. 14 de maio de 2016 às 20:20

    Obrigada gente,muita saúde para todos nós.
    Fiquem com Deus, forte abraço ❤

  2. Junior Maia
    8 de maio de 2016 às 22:23

    As dores nos ajudam também no fortalecimento da nossa história. São experiências que se somam para nos deixar mais fortes, mais corajosos, capazes de enfrentar a vida de cabeça sempre erguida. Bom ser sabedor desta tua determinação, desse teu viver cada dia, desse teu optar por ser-sendo no mundo. Vitoriosa!!

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