Natália Teixeira – Histórias que Inspiram #56

Natalia“Meu nome é Natália, tenho 22 anos, e minha luta contra o câncer começou em abril de 2014, quando minha mãe percebeu um inchaço no meu pescoço. A partir desse dia foi só tensão, passei por uns 4 médicos, que diziam que aquilo poderia ser milhares de doenças, e que poderia ser uma coisa muito simples, ou uma doença muito grave.

Após dois meses de tensão, de exame atras de exame, ultrassom, tomografias e punção e nada de um resultado conclusivo, conversei com meus pais e resolvemos pagar uma consulta para um médico oncologista muito conceituado na cidade. Fiz uma biopsia e em uma semana ele me deu o diagnóstico: linfoma de Hodgking.

No momento em que ouvi essas palavras, acompanhada da minha mãe, o meu mundo desabou, e o dela também. Saí do consultório sem chão, não consegui ligar pro meu pai pra dar a notícia, pois não parava de chorar. De repente me vi ali com 22 anos de idade, recém formada na faculdade, ainda procurando emprego na minha área, com um namoro no início, apenas 4 meses de relacionamento, com uma vida toda pela frente e com aquela bomba na mão. Com aquela vozinha que no fundo me dizia: “Meu Deus, será que meu tempo está chegando ao fim?”

A partir desse momento milhares de coisas passavam pela minha cabeça, as coisas erradas que eu havia feito na vida, as coisas que eu ainda não havia feito, o tempo que eu desperdicei com bobagens em que eu poderia ter aproveitado mais ao lado dos meus pais, do meu irmão, das pessoas que realmente me amavam. E, além de tudo, o tempo em que eu vivi longe de Deus, sem ir na igreja, sem orar, e por esse mesmo motivo naquele momento eu não tinha força pra pedir ajuda pra Ele, não tinha forças nem pra orar. E foi aí que provei a primeira lição do câncer na minha vida: viver, e aproveitar intensamente cada dia, fazendo tudo da melhor maneira possível, tentando errar menos, confiando mais em Deus, vivendo bem e fazendo o bem, principalmente para as pessoas que mais amamos.

Mas no momento em que meus familiares, meus amigos, meu namorado e a familia dele, meus colegas de trabalho, os amigos de amigos, os amigos da familia ficaram sabendo do meu diagnóstico eu fui envolvida por uma corrente gigantesca de orações, e minha força de orar foi voltando aos poucos. Às vezes eu acordava no meio da noite e o diagnóstico me vinha na cabeça, parecia que estava vivendo um pesadelo, mas logo me vinha na mente uma oração, ou uma musica que algum amigo havia me enviado, e a paz voltava pro meu peito. Minha mãe ficou acabada com a notícia, só chorava, perdeu 6 kg, não conseguia comer, estava apavorada…e foi nesse momento em que eu provei o segundo presente do câncer: eu pude experimentar e perceber o amor de mãe, pude ter a noção do quanto ela me ama, e do quanto a minha vida é importante pra ela. Ela deixou transparecer que se a minha vida não tivesse segura, ela não poderia viver, que sem a minha vida, a dela perderia todo o sentido.

Com o tempo todos nós fomos nos acalmando. Eu recebi muitos presentes, como terços, medalhões, orações escritas, meus amigos me mandaram mensagens lindas no whatssap e no facebook, uma amigaNatalia elisa teixeira fez até uma tatuagem simbolizando a nossa amizade. Nunca me senti tão amada. Meu pai me mimava como se eu fosse uma criança, e até meu irmão que é mais reservado vivia pra me agradar. Meu namorado também estava sempre por perto, sempre me distraindo e não admitia me ver triste. Meus familiares se mobilizaram, estavam sempre aqui em casa, sempre ligando e todo esse amor me fez ter mais vontade de viver, mais vontade de vencer, e me fez perceber a terceira lição do câncer: nada é mais importante na vida do que nossos laços afetivos, na hora em que a gente pensa que vai cair, as pessoas que nos amam estão lá pra nos segurar, ou até mesmo pra nos levantar, e pra dizer, eu estou aqui!!! …e eu nunca vou me esquecer,de cada oração, cada visita, cada telefonema, cada mensagem, cada palavra de apoio, nem de todas as lagrimas que alguns deixaram escapar na minha frente!

O tratamento começou depois do implante de um cateter. Minhas quimioterapias eram feitas de 15 em 15 dias. Eu tinha um cabelo lindo, quase na cintura, meu medico disse que não ia cair tudo, mas mesmo assim resolvi doar ele em uma campanha da cidade para o hospital de Barretos, já que ele iria perder a força e a beleza, poderia ser aproveitado por outra pessoa que precisava. Ficou “chanelzinho”, até que bem charmoso. Após algumas sessões de quimio, ele começou a cair muito, cortei no estilo “Joãozinho”.

Após 2 meses de tratamento fiz um pet scan, exame que iria mostrar o andamento do tratamento. Nossa, que ansiedade, que nervoso, que meeeeedo desse resultado. Mas para minha felicidade, com apenas 1/3 do tratamento comecei a me considerar uma vencedora….o câncer ja eeera!!!! Sumiu tudo, com a graça de Deus!

Em cada sessão de quimio aumentava a ansiedade…quanto mais perto do fim mais a vitória era minha!!! Até que chegou realmente o fim dela, em Dezembro do ano passado.

O câncer ja me ensinou muitas lições, e eu creio que em todas as provas nós podemos extrair uma coisa boa…Foi difícil? Claro que foi! Mas hoje eu sou outra pessoa, vejo a vida com outros olhos, hoje eu sei da minha força, e tenho consciência do amor de Deus, e do amor das pessoas que me cercam, e só tenho que agradecer, pois o maior desafio da minha vida, mudou completamente a minha história, me fez renascer, me fez despertar!!!”

Natália teixeira
23 anos, solteira
Linfoma de Hodgkin
Poços de Caldas, MG – Brasil

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5 Comentários to “Natália Teixeira – Histórias que Inspiram #56”

  1. Waltinhu
    6 de novembro de 2015 às 07:39

    A Natalia faleceu ontem em Poços de Caldas. Meus sentimentos a família.

    • 6 de novembro de 2015 às 13:42

      Fico muito triste com a noticia. Não esperava mesmo nada. O céu ganhou uma estrelinha brilhante que vai iluminar toda a familia que deixou. Os meus sentimentos e um abraço bem forte aqui de longe.

      • Waltinhu
        27 de novembro de 2015 às 12:19

        =)

    • anacanomeira
      9 de novembro de 2015 às 09:26

      Que triste. Sempre vi a Natália como uma vencedora e vou continuar a ver pois ela venceu a primeira volta do Cancer e as suas palavras de luta não deixam de ser inspiradoras.
      Que a vida é injusta é, a Natália não tinha idade para morrer e nenhum pai e mãe deveria passar por esta dor.
      A estrela está no ceu, mas a dor fica na familia
      Um abraço bem apertado à familia da Natália que com certeza fez tudo poara ela ser feliz até ao último momento de sua vida

  2. anacanomeira
    26 de setembro de 2015 às 10:15

    Natália

    Adorei a energia que transmite na sua escrita. Uma positividade fora de ‘serie.

    Você nasceu para ser feliz e para ser amada e breve breve vai poder fazer uma trança como a da Vânia.

    Um abraço de saúde infindável
    Ana

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