Carta ao Cateter
Querido amigo do peito,
Obrigada por você ter facilitado a minha vida.
Quando soube que iria ter que colocar um objeto dentro de mim, não achei nada legal. Iria ter um “plug” no meu peito, mais uma cicatriz, mais uma cirurgia, mais anestesia, mais dor, mais recuperação…e seria algo que não era natural. E tudo isto seria na véspera da 2a quimioterapia. Afinal iria estar menos forte para receber a 2a dose da “poção mágica”.
O nosso inicio não foi muito fácil. Você me machucou um pouquinho na primeira semana e durante um mês sentia “bem” a sua presença. Fiquei dolorida. No entanto, valeu a pena. Você me ajudou muito. Foram 15 quimioterapias em que você poupou as minhas veias. Deixou-me mais confortável para eu me poder “aninhar” enquanto recebia a “poção mágica”. Tive liberdade de movimentos e não sentia nada. Apenas respirava fundo quando a enfermeira puncionava você. E quando tinha vontade de fazer xixi, era só avisar as enfermeiras. Uma delas tirava o aparelho da tomada e eu levava a quimioterapia, qual cachorrinho, que estava “plugada” em você, em mim. E depois, era voltar para a minha poltrona, voltar a aninhar-me, cobrir-me e….dormir. O sono da bela adormecida até a dose acabar.
Você esteve dentro de mim entre o dia 1 de Abril de 2013 e o dia 19 de Maio de 2014. Foi mais de um ano de relacionamento. Primeiro a cada 21 dias e depois semanalmente, você me ajudou. Quando a quimioterapia terminou (fim de Agosto) foi a minha hora de retribuir. A cada 40 dias ia “dar banho” em você. Voltava à temida (mas aconchegante) sala de quimioterapia para “limpar” você. A enfermeira puncionava, tal como quando ia administrar a quimioterapia, tirava um pouco de sangue para ver se estava tudo funcionando direitinho e depois injetava o soro. Dava um “chuveirada” em você. Mas acabou. Não preciso mais de você e nem você de mim.
Obrigada por facilitar todo este processo. Hoje tiro você do meu peito e levo diretamente para uma gaveta. Sim, vou guardar como recordação de uma etapa da minha vida. Não vou esquecer você mas também não vou sentir a sua falta.
Com carinho,
Vânia
Nota – veja a explicação do que é o cateter e de como funciona a quimioterapia com ele (tem video!!), neste post aqui: O CATETER. Acompanhem o Instagram (@minhavidacomigo) e a página do Facebook(https://www.facebook.com/MinhaVidaComigo)
Acompanho as suas publicações desde que fui diagnosticada e elas me ajudam muito. Concordo plenamente com você em relação ao cateter, foi meu grande amigo e me trouxe um alívio enorme nas sessões de quimioterapia. Antes dele era um chororô danado, costumava levar uns 6 furos até acharem uma veia descente. Hoje acabei a quimioterapia e estou aguardando pra começar a radioterapia. Fico feliz em saber que você está bem. Um grande abraço.
Olá querida Veridiana,
muito obrigada pela sua mensagem. Um grande beijinho e muita saúde na sua vida :*
Olá querida Veridiana,
muito obrigada pela sua mensagem. Um grande beijinho e muita saúde na sua vida
Como é possível, mas só hoje consegui ler a história deste plug.
Mais uma vez fiquei emocionada e espero que este amiguinho fique bem guardado no teu cofre, para sempre, como prova da tua luta e da tua persistência.
Um beijo do coração nesta tua última cicatriz
❤️
Uma carta deliciosa.
Beijinho
Oi Vânia, ontem vc se desfez do seu e eu coloquei o meu, já tinha lido algumas informações sobre a inclusão do cateter (mas só agora achei o seu blog), pois com a conversa do medico tive muito medo do que poderia acontecer de errado, com isso comecei a consultar, mas gracas a Deus deu tudo certo… estou com uma sensação estranha de ardência, queimação, incomodo, sei la bem o que.
Desejo muita saúde e sucesso em sua vida.
Beijos, Suzane